quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Escreva a mão




Essas fotografias foram desenvolvidas para a disciplina de Fotografia em Jornalismo II, ministrada pelo professor Alexandre Borges.



O tema do trabalho era "Escreva a mão" e a proposta era fazer as crianças preencherem um Orkut de Papel.



sábado, 21 de novembro de 2009

Da inutilidade do Enade à ineficiência do Enem

Quem não viu as propagandas que circulavam pelas redes de televisão falando sobre as mudanças do Enem (antes, é claro, do escândalo sobre o vazamento das provas)? Para quem não lembra, a propaganda dizia: "Agora o Enem não é mais decoreba". Juro que todos os dias me perguntava - Mas algum dia o Enem foi decoreba? A verdade é que, nos anos anteriores, a função do Enem era justamente avaliar os alunos de Ensino Médio naquilo que há de mais importante: sua capacidade de raciocinar e fazer inferências. Entretanto, as mudanças no sistema ocasionaram uma contradição. Como substituir um sistema que deu certo e que realmente era capaz de avaliar o nível de aprendizado do aluno por um sistema falho, que domina as universidades do país? A resposta é simples: fazendo o povo pensar justamente o contrário. Se não fosse a fraude, a prova que teria sido aplicada, nada mais seria do que uma cópia dos vestibulares, algo que testa a capacidade que os alunos têm de decorar conteúdo ao invés de estimulá-los a pensar por conta própria. Falando em sistemas falhos de avaliação, o úlimo Enade foi simplesmente vergonhoso. Além das perguntas mal formuladas e da clara apologia (extremamente mal disfarçada) às "boas ações" do governo, o Enade nada mais é do que o tão criticado Provão, com outro nome. O Provão caiu justamente por ser, de forma comprovada, um sistema inútil de avaliação. E o Enade veio, então, substituindo-o, como forma de salvação e reforma nos métodos tradicionais. Ilusão. Não fui selecionado para a prova, e tenho pena de quem o foi. A ameaça de que, "quem for selecionado e não comparecer não poderá retirar seu diploma quando se formar" levou muitos alunos para as salas de aula neste último dia 8. Mas, e se houvesse uma mobilização? É certo que nem todas as Universidades do país apoiariam, mas é certo também que não sou o único a pensar dessa forma. Tenho certeza que com mobilização, o sistema não seria opressor do modo como o é. Talvez o exemplo não seja válido, mas na França, país de primeiro mundo, a juventude tem voz e vez. É que lá, o governo sabe que, caso as necessidades e os desejos do povo não sejam atendidos, a população não tem medo nem vergonha de sair à rua para lutar por seus direitos. Talvez vergonha seja a palavra chave nesse contexto aqui no Brasil. O que o brasileiro precisa é criar vergonha na cara. Só então o povo vai deixar de ser submisso e criar coragem para controlar seu destino. Mas afinal, quem sou eu para querer acordar esse povo? Só uma voz, gritando por liberdade, no meio dos sussurros alienados da multidão. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Guerra urbana e o prenúncio apocalíptico

Estava escuro. Naquela noite de quarta-feira, em São Paulo, o trânsito era infernal. É claro que não há nenhuma novidade neste fato, a não ser o simples infortúnio de um apagão em larga escala. A falta de eletricidade varreu o país, mas as consequências mais sérias de sua ausência puderam ser sentidas no Jabaquara, zona sul de São Paulo. Eram 22 horas e 13 minutos quando a pandemia começou. A cena parecia cinematográfica, um prenúncio apocalíptico. São Paulo parou. Hospitais, estradas, postos de gasolina, paradas de ônibus. Aquela que, inicialmente, seria apenas mais uma queda de luz, transformou-se em tragédia.


Transportes públicos pararam de funcionar, hospitais sem geradores tiveram que levar pacientes às pressas para outras instituições de saúde. Milhares de semáforos simplesmente deixaram de operar devido à falta de energia. O trânsito das grandes capitais parecia ainda mais catastrófico. Pessoas, com medo das ruas, abrigavam-se em metrôs, hospitais ou qualquer lugar que tivesse um gerador. O risco era constante. Assaltantes aproveitavam a confusão: furtos, roubos. A violência mostrava sua face mais perversa. Em momentos de crise,união é essencial. Mas há seres humanos sem a menor noção do que isso significa.


Maria Amélia de 50 anos, até então apenas mais uma Maria perdida por este país sem fim, levava uma amiga para casa. Um gesto de solidariedade em meio à tantos outros, retrógrados, que circulavam pela cidade. Mas, por conta de alguns desses seres menos evoluídos, Maria se tornou uma estatística. Por volta da 1 hora da manhã, ela e sua amiga passavam de carro pela região do Jabaquara. Um assaltante, de moto, abordou o veículo. Maria, em desespero, sai em disparada e leva um tiro no pescoço. Apenas mais uma Maria vítima da guerra urbana, da mesquinhez mundana e da irracionalidade humana. Uma Maria, como tantas outras, com uma morte trágica, como tantas outras. Enquanto isso, o Brasil segue singular, com sua completa falta de humanidade.

Jovem Foca