quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um Holmes moderninho

Para quem passa horas atrás de um bom seriado, não é novidade ouvir (ou neste caso, ler) que Sherlock é uma das séries mais sensacionais do ano. Ainda assim, reitero o discurso saudosista que venera a trama. Produzido pela BBC, Sherlock é a releitura moderna das obras de Sir Conan Doyle. Na versão "moderninha" da história, Holmes possui um site e adora usar SMS. Com sua "ciência dedutiva", o maior detetive do mundo ganha vida na interpretação impecável de Benedict Cumberbatch. Já seu braço direito, Dr. Watson (interpretado por Martin Freeman) - médico durante a guerra do Afeganistão; baleado; com um abalo psicológico que o deixou manco - possui um blog em que conta as histórias vividas ao lado do amigo.

Bem diferente do "Sherlock Holmes" lançado ano passado sob a direção de Guy Ritchie, com interpretações fracas e roteiro muito aquém do esperado, o Holmes do século XXI proposto no seriado é marcado por grandes interpretações e um roteiro assustadoramente fidedigno para uma adaptação. Além disso, a estética da produção é brilhante. A fotografia valoriza os detalhes de tal forma que podemos sentir o ambiente. A trilha sonora nos conduz, nos prende, nos fixa na trama de tal forma que é difícil sair impune.

Infelizmente a série possui apenas 3 episódios com 90 minutos cada. Não há confirmação sobre uma segunda temporada (se houver, me avisem) mas minha torcida é para que ela vá adiante. O fato é que esses 3 episódios serviram apenas para deixar o público com aquela sensação de "quero mais". Para mim (simples blogueiro e estudante de jornalismo apaixonado por seriados), Sherlock é uma das 3 melhores séries de 2010 e tem tudo para tornar-se a número 1 em 2011.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Manual do Estagiário - Capítulo I

Perigo nas redes sociais

Você não imagina o quanto pode ser perigoso usar seu Orkut, Facebook, Twitter ou LinkedIn. As pessoas  (principalmente os jovens mais desmiolados que após alguns meses de estágio ficam desiludidos com o mundo) têm a mania de pensar que "xingar muito no twitter" vai resolver sua vida. Mas cuidado com o que você twittar. Chamar seu chefe de porco chauvinista (por mais que ele realmente seja) pode custar seu emprego. Exibir fotos no orkut em que você está agarrando a filha (menor de idade) do porc... digo, do seu chefe, também pode resultar na sua demissão. E lembre-se, você é apenas um estagiário, sem direito a benefício algum caso seja demitido.

Outra coisa que não funciona é entrar em comunidades do tipo "Eu odeio meu chefe", "Eu odeio trabalhar na segunda-feira" ou "Quero pegar a coroa do meu chefe" (essa última está terminantemente proibida). Você pode clamar pelo direito de expressão, de usar seu orkut da forma que bem entender. Mas seu superior também usará o direito que ele possui de não ter você como empregado. E não adianta passar o dia choramingando no facebook que você não aguenta mais esse dia, que está morrendo de sono, trabalhando por dois, etc. Primeiro porque isso não aumentará sua popularidade. Segundo porque, quanto mais você reclamar que trabalha demais, mais trabalho surgirá. É a Lei de Murphy. É bom acostumar-se desde cedo com a ideia de que seu chefe JAMAIS vai dizer "nossa, você tem trabalhado muito. Tira uma folga amanhã".

Por fim, uma dica para quem trabalha diretamente com a internet e mídias sociais. Cuidado com o que você posta no seu perfil. Cuidado principalmente na hora de averiguar se o perfil em que você está postando alguma "piadinha" é realmente o seu ou o da empresa. Erros assim acontecem, é humano, ou melhor, é sempre coisa de estagiário. Aquela frase infeliz da @MEC_Comunicacao, por exemplo, é o tipo de erro causado pela euforia de um estagiário. Agências de publicidade que reclamam de clientes no twitter, sempre têm o dedo de um estagiário. É verdade que os clientes merecem a reclamação na maioria dos casos, mas ainda assim, quem você acha que seria dispensado pelo dono da agência?

Resumo: Você pode até se considerar vítima das circusntâncias, mas o resto da humanidade não está nem aí pra isso. E sim, seu chefe, com certeza, é o responsável pela fome na África. E se um dia você deixar de ser estagiário e se tornar chefe, você também será o culpado por todas as dores do mundo.

PS: Esse texto não passa de ficção escrota e barata, e qualquer semelhança descritiva com o FDP do seu chefe ou exemplos de erros que você já tenha visto na sua cidade, é pura coincidência.

Para ler o primeiro post da série clique neste link.

Manual do Estagiário - Prefácio

Sorriso no rosto, olhar inseguro, mas com postura confiante. Ali está, seu primeiro emprego, um estágio na área em que sempre sonhou (ou nem tanto assim). Os chefes são sempre fantásticos e inteligentes. A equipe de trabalho mostra-se unida e disposta a ajudar-lhe em tudo. Sem contar que, pela primeira vez na vida, você terá um cartão de crédito que não depende do dinheiro do seu pai, mas do seu próprio suor. Sua vida de estagiário não poderia começar melhor.

Mas não se engane, meu amigo. Tudo não passa de fachada. Logo você vai perceber o quanto era feliz desempregado. Aquele colega simpático, gente boa e camarada, que se dispôs a te ensinar cada etapa do trabalho em seu primeiro dia, vai pensar que é teu chefe e começará a tratá-lo como um simples ajudante. Aquela estagiária gostosa do setor ao lado JAMAIS dará bola para você. O tempo mostrará que a genialidade de seu chefe é bastante limitada. E logo o pobre estagiário vai entender que, apesar de o estágio ser remunerado, ele ainda dependerá do dinheiro de seu pai.

Mas, mesmo com tantas dificuldades, como o estagiário pode sobreviver nesta selva em meio a tantos animais irracionais? Bom, o primeiro passo é saber que a culpa - independente do que aconteça - sempre será sua. De resto, só o convívio diário e o trabalho árduo podem ensinar. Mas a partir deste manual você saberá o que fazer (e principalmente, o que não fazer) em determinadas situações. Toda semana um novo mini-capítulo será lançado com alguma situação fictícia (ou não) sobre o seu universo, caro estagiário. E o melhor de tudo, você não precisará gastar um centavo da merreca que recebe para ler todas essas besteiras. 
 

PS: Esse texto não passa de ficção escrota e barata, e qualquer semelhança com o energúmeno do seu chefe ou com o FDP do seu colega é mera coincidência.

Momentos de Enart

Cai na pauta por acaso. Na última edição da cadeira de telejornalismo desse semestre, topamos desafios diferentes. Algumas pautas polêmicas, outras mais amenas. Minha pauta ainda é uma incógnita (embora eu já tenha algum material produzido). Mas a matéria que realmente me atraiu foi a da colega Marluci Drum. O objetivo da pauta era bem simples, a princípio: falar sobre os bastidores do Enart, o maior encontro da cultura gaúcha.

Foi na terça-feira, dia 16. Após um dia de trabalho, cheguei em casa e me fui, como de costume, para o computador. A Marluci me chamou, desesperada, no MSN. Ela precisava de um câmera para gravar o último ensaio do CTG Lanceiros de Santa Cruz antes do Enart. Como eu já disse, cai na pauta por acaso. Mas só eu sei o quanto isso tudo foi fantástico. Começou com o acolhimento que recebemos. Os olhares desconfiados, do início, logo transformaram-se em simpatia e sorrisos.

A segunda etapa foi na sexta-feira. Fomos para a pousada em que o pessoal do CTG estava hospedado, em retiro. Acompanhamos cada momento que precedeu a primeira apresentação do grupo, na fase classificatória para a grande final. Cada história, cada sonho, cada momento registrado. Era como se já fossemos todos velhos amigos, conhecidos de outros tempos, mesmo sem nunca termos visto nenhum deles antes do ensaio de terça-feira.

O desafio do último dia começou cedo. Entre confusões sobre horário, telefones que não chamavam e fitas  faltando, impedindo que completássemos as gravações, o dia foi uma grande correria. Mais do que a performance dos dançarinos, a intenção era captarmos a emoção à flor da pele de cada um deles. Lágrimas nos olhos, sorrisos comedidos e, de certa forma, temerosos, aguardando o resultado. E por fim, a emoção, o choro de quem batalhou por um sonho e o viu realizado.

Logo você vai conhecer a história do Aquiles, da Cris, do Rodrigo, da pequena Manú, e de tantos outros peões e prendas que fizeram parte da história dessa 25ª edição da festa tradicionalista. O espetáculo do Enart você já viu, mas só aqui saberá como foram os bastidores, os momentos de tensão e euforia daquele que, pela primeira vez, sagrou-se um dos 3 melhores grupos de dança tradicionalista do estado.

PS: A Bruna e o Augusto nos acompanharam em todos os momentos da reportagem. Quando não podiam estar pessoalmente, estavam por telefone. Todos os problemas que tivemos e as dificuldades, eles nos auxiliaram. Foram os melhores produtores que podíamos ter e, certamente, a matéria não sairia sem a ajuda deles.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Somos hipócritas

Acabei de voltar do almoço. Foi em um desses botecos de esquina, bem fuleiros, do tipo que sempre se encontra próximo à praça central da cidade. O dito almoço não passou de um xis frango com uma coca-cola, uma refeição nada saudável. Quase todas as mesas estavam ocupadas. Nada demais, afinal, estávamos em horário de almoço. Mas, mesmo com a local cheio, algo me chamou a atenção.

Um menino, com seus 9, talvez 10 anos de idade, adentrou o bar. Vestia uma camiseta amarela um pouco rasgada e amarrotada, uma bermuda de tecido fino e chinelos de dedo. O menino, de cabeça raspada e olhar medroso, chegou próximo ao caixa e perguntou: "quanto é um pastel?" A mulher, com um ar de indiferença respondeu: "R$ 2,50". O menino baixou a cabeça e pôs-se a contar as moedinhas que tirara do bolso. O garçom e a garçonete aproximaram-se do balcão, enquanto o garoto, encabulado, descobria se teria dinheiro para comprar seu pastel. Por fim, a mulher do balcão perguntou se ele iria ou não querer o lanche. E com a expressão mais triste que a desilusão pode causar, o menino respondeu que não. Deu as costas e foi-se embora.

E o que realmente entristece nessa história, é que ninguém ali presente demonstrou a menor preocupação com o fato. E quando digo ninguém, me incluo no contexto. O que eu poderia fazer, afinal? Pagar o pastel para o garoto? Garantir uma refeição pra ele sabendo que amanhã ele estará na mesma situação? Na verdade, era exatamente isso que eu deveria ter feito. Certamente não resolveria sua vida. Amanhã (ou hoje mesmo) ele estaria novamente na rua, contando as moeda para poder comprar o que comer. Mas ao menos essa sensação de impotência... pior... essa sensação de conivência, não me perturbaria.

Me entristece pensar que uma criança de 10 anos não pode comer algo tão simples, tão insignificante quanto um pastel, simplesmente por não ter dinheiro suficiente. Enquanto isso, seguimos com nossas preocupações fúteis sobre o novo equipamento tecnológico desnecessário que compraremos no natal. E o pior é saber que essa criança me chamou a atenção, mas tantas outras passaram desapercebidas. Quantas crianças (exatamente como essa), homens, mulheres, idosos, passam todos os dias por nós, nos pedem um pedaço de pão, uma moeda, e nós, do alto de nossa arrogância, apenas fingimos não ver. Me enoja essa filosofia burguesa (da qual faço parte) que prega o capitalismo como centro do mundo; que eleva cada vez mais a necessidade do consumo de futilidades enquanto uma criança não pode simplesmente comer um pastel. Sim, somos hipócritas, todos nós. E minha maior hipocrisia é justamente reclamar disso, mesmo estando inserido na sociedade que desdenho. Sim, sou hipócrita, e vocês também o são. Mas não pude mais segurar isso na garganta. Precisei gritar, mesmo que ninguém mais ouça.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dez livros para salvar do Apocalipse

Conforme prometido, uma vez ao mês falarei sobre um dos livros indicados pelo professor Paulo Pinheiro como "os 10 livros para salvar do apocalipse". A primeira obra é "1984", de George Orwell.

AVISO DE SPOILER

    Se 1984 tivesse sido escrito no ano que dá nome à obra, é possível que seu conteúdo não fosse tão atual em muitos de seus aspectos. O livro, escrito em 1948 (84 invertido), deveria ser a leitura de cabeceira de todos os profissionais da comunicação. George Orwell relata, durante 277 páginas (7ª Edição, 1973 – Companhia Editora Nacional), uma sociedade fictícia em que não há liberdade de expressão ou pensamento, em que a língua é reduzida a cada ano para que não existam meios de argumentar contra o governo e sua ideologia. Um mundo em que a verdade é modificada a cada instante e onde uma mentira, dita muitas vezes, realmente é aceita como verdadeira.

    A história se passa na Oceania – um supercontinente que compreende as Américas, as ilhas do Atlântico, a Australásia e parte da África – e relata a vida e os pensamentos de Winston Smith, um funcionário do “Ministério da Verdade”, um dos quatro ministérios que controlam o “império”. Winston, ao contrário da maioria dos “membros do partido” - a classe média da sociedade na Oceania – não se conforma com muito do que vê diariamente. Sua função no ministério é alterar documentos que possam conter informações que não convêm ao governo. Assim, Winston  reescreve exemplares de jornais, artigos, livros e documentos oficiais diariamente. Mas ele guarda recordações de um passado distante, de um mundo esquecido por todos e é movido pela dúvida: será que o mundo de antes da revolução era pior do que o atual?

    Ser membro do partido significa viver em igualdade de bens materiais com os outros membros. Assim, o governo do Grande Irmão – um homem louvado pelos partidários como um Semideus – distribui uma quantidade limitada de recursos de forma uniforme aos que trabalham nos ministérios, enquanto os proles, a classe subalterna que não desfruta dos “benefícios” oferecidos pelo governo, vivem às margens da sociedade, sem regramento que os comande ou Estado que os proteja. Mas esse “controle totalitário” da sociedade por parte dos membros do Partido Interno – uma classe mais abastada do partido e diretamente ligada ao Grande Irmão – não seria possível sem o desenvolvimento dos meios de comunicação.

    O desenvolvimento dos televisores (ou teletelas) proporcionou aquilo que faltava para que uma classe obtivesse poder total sobre o povo: a vigilância constante. As teletelas tornaram possível o controle total do pensamento através do medo e da alienação. A “Polícia do Pensamento” procura por “ideocriminosos” - aqueles que têm uma ideologia contrária à do partido – e os executam. E o televisor (que na história de Orwell é um instrumento que além de exibir também capta som e imagem) é a principal forma de controle. Além disso, desde cedo as crianças são educadas para tornarem-se membros irrevogáveis do partido, sendo incentivados a denunciar “suspeitos” por “crimideia” (palavra em novilingua referente aos criminosos do pensamento).

    E falando em “novilingua”, esse é o nome dado ao novo idioma oficial do continente. A língua passa a ser desconstruída. Milhares de palavras são destruídas e outras são criadas, ano após ano. Conceitos  que possam inspirar grandes ideias simplesmente desaparecem dos dicionários e caem no esquecimento. O novo idioma (ainda em processo de implantação) vem fundado no princípio de que, em breve, mesmo que se tenha ideias contrárias às do governo, será impossível defendê-las, simplesmente por não existir uma palavra que sustente seu argumento. E é nesse contexto que a história de Winston é desenvolvida.

    Todas as dúvidas e os pensamentos que dão sustentação ao enredo se desenvolvem a partir do momento em que Winston se sente motivado a quebrar algumas “regras sociais”. Além de pensar em coisas que não deviam ser pensadas e questionar-se sobre a real eficiência do estado, o personagem compra uma caneta e papel (algo terminantemente proibido pela polícia do pensamento) e começa a escrever, pela simples necessidade de se expressar. Ele relembra fatos já adormecidos em sua memória e conhece uma moça com quem passa a ter um caso (outro ato ilegal perante o estado). Winston e Júlia (nome da moça com quem se relaciona) se unem à Fraternidade - uma espécie de resistência contrária ao poder do Grande Irmão (afinal, onde houver um governo repressor, sempre haverá uma resistência) – com a intenção de lutar, mesmo sem saberem ao certo pelo quê.

    Mais do que uma ficção que relata a vida em um supercontinente sob um governo ditatorial, “1984” reflete sobre a influência dos meios de comunicação na sociedade, sobre o controle do pensamento e, principalmente, sobre o quanto a realidade é manipulável. Sobretudo, nos mostra o quanto é atual essa discussão iniciada nos primórdios do século XX. Alguns livros, após lidos, sempre modificam a forma com que seus leitores veem o mundo. E George Orwell, certamente, escreveu um destes.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Diz Aí Especial do Viva Unisc

Aqui está mais uma edição do nosso jornal mural do curso de comunicação social, o Diz Aí. Essa edição será usada como forma de divulgação das habilitações do curso no Viva Unisc.

Diz Ai - Edição Especial Viva Unisc                                                                   

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Aquilo que "1984" previu

Talvez o mundo idealizado por George Orwell em "1984" não seja tão fictício assim. A "Polícia do Pensamento" está por aí, vasculhando as suas redes sociais, te seguindo no twitter, curtindo no facebook, esperando apenas um tropeço que o incrimine como ideocriminoso. E reclamar de (mais) um erro do ministério na realização do ENEM certamente é um crime ideológico. Cuidado, camarada, você pode ser vaporizado!

Jovem Foca