quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quando a música é feita por prazer...

Aqui vai outra música gravada em dezembro do ano passado. Eu no sax, o amigo Everton Machado no teclado e Emanuel Costa na guitarra e mixagem. A música é "Quando a Chuva Passar", versão da cantora Ivete Sangalo. Sim, sei que muitos têm preconceito quanto ao estilo da cantora baiana, e concordo em alguns aspectos. Mesmo assim, peço para que escutem e deixem seu recado dizendo o que acharam.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A tristeza das escolhas...

O cheiro de maconha invadiu a porta. O causador do odor desagradável era um velho conhecido. Nossas famílias cresceram juntas. Sua avó é amiga da minha avó há anos. Quando crianças chegamos a ser vizinhos. Mais tarde, mudou-se para Caxias, eu para Santa Catarina. Ainda assim, ambos voltamos à Rio Pardo. Ele para residir. Eu, apenas de passagem. As oportunidades foram as mesmas. Escolas públicas, famílias que faziam o que podiam para criarem seus pequenos. Mesmo assim,os caminhos tomados foram bem diferentes. Eu na universidade. Ele, fumando maconha na porta da cozinha da casa da minha avó. Vangloriava-se: "tu não sabe o que é passar a semana toda chapado". Realmente, não faço ideia. E nunca tive curiosidade.

Mesmo assim, mantivemos conversa. Ele falava coisas sem sentido, eu apenas ria. Queria apenas encerrar o papo, mas não soube como fazê-lo sem ser grosseiro. Preferi o silêncio. Estava ocupado escrevendo uma partitura e tentei fazê-lo compreender isso. Em vão. Seu maior pedido era "troca de música", em meio a comentários como "que música chata" e "vou te mostrar o que é música". Após, passou a pedir dinheiro. Apenas 5 reais. Sim, uma quantia pequena, eu sei. Mas simbólica. Afinal, eu sabia exatamente qual a finalidade da grana. Menti, disse que tinha o dinheiro contado para a passagem para voltar a Santa Cruz.

Sentado à mesa, passou a observar algumas latas de cerveja sob uma mesinha. Queria beber alguma. A essa altura o clima já estava realmente chato. Disse que poderia pegar uma lata na geladeira. Ele continuava falando maluquices. Eu continuava rindo e fingindo não prestar muita atenção. Então me perguntou: "cara, tu é nerd?". Respondi que sim. Ele riu, de forma, um pouco debochada, um pouco surpresa, e continuou: "mas tu é nerd mesmo?". Respondi que sim, novamente, e expliquei que era mais quando criança, mas que agora não era tanto. Então, ele continuou: "ah, agora então tu é twitteiro ou blogueiro?". Respondi novamente, cada vez mais impaciente, que sou as duas coisas. Sim, sou twitteiro e blogueiro, e com orgulho. Foi quando ele sentenciou: "é, esses caras acham que modificam a opinião das pessoas, que formam opinião das pessoas, mas não é bem assim não."

Parei de escrever minha partitura. Parei simplesmente por não aguentar mais seus pedidos incessantes de escutar algum samba antigo, sertanejo universitário, pagode, reggae. Mostrei a ele algumas músicas que tinha no computador. Nenhuma o agradou. Resolveu colocar as "músicas de verdade" que estavam em seu celular. Mais algum tempo de conversa até ele me perguntar se seus olhos ainda estavam muito vermelhos. Respondi que não. Seu tio ligou, ele mentiu que estava no centro com uma "amiga". Na verdade, só fora passar a tarde me enchendo porque estava fugindo de seu tio, que o colocara a trabalhar em casa, tapando buracos no terreno, arrumando as paredes. Mas, é claro, havia fugido para se chapar e voltar o mais tarde possível pra casa.

Minha crítica não é simplesmente ao fato de me fazer perder uma tarde com suas maluquices. Nem o fato de passar a tarde chapado e orgulhar-se disso. Minha crítica é, simplesmente, por não saber aproveitar as oportunidades que teve. Teve as mesmas oportunidades de estudar que qualquer pessoa de classe média. Entretanto, interrompeu os estudos e nunca terminou o segundo grau. Largou o emprego no supermercado. Um rapaz com 20 anos jogado nas drogas, fugindo de suas obrigações, decepcionando familiares e amigos.

Parece invenção, meus amigos. Parece mais um texto fictício. Mas não é. Queria que fosse, juro que queria, mas aconteceu de verdade. É triste ver o ser humano degradando-se. É mais triste perceber que ele podia tomar um rumo diferente. Mas sim, a vida é feita de escolhas. Infelizmente algumas escolhas erradas não podem ser apagadas. É uma pena.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quando a música é feita por prazer...

Nesse semestre que passou fiz uma cadeira do curso de Produção em Mídia Audiovisual. A cadeira, com o sugestivo nome de Elementos de Linguagem Musical, foi ministrada pelo professor Gerson Rios Leme. Durante um semestre inteiro pensamos em tudo que ouvimos, em todas as mídias, e refletimos sobre a possibilidade dos sons em suas mais diversas utilizações. Inclusive postei alguns dos trabalhos que desenvolvemos aqui no blog. Mas hoje não quero falar da música (nem dos sons em geral) em sua forma utilitária. O tema é a música como forma de expressão e prazer. Abaixo segue uma gravação da música Endless Love, originalmente interpretada por Lionel Richie e Diana Ross. A gravação foi feita em dezembro do ano passado. No teclado, meu amigo e parceiro de composições Everton Machado. Eu no sax. Gravação e mixagem de Emanuel Costa. Espero que gostem.

Jovem Foca