terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Apenas um sonho ruim

Essa noite tive um sonho ruim. Algo que me fez lembrar dos pesadelos da infância. Sonhei que, de alguma forma, matava todas as pessoas que amo e que estão próximas a mim. Sonhei que meu destino seria ficar sozinho. E que a causa dessa solidão estava em minhas próprias atitudes. Lembrei do meu primeiro pesadelo. Nele também estava sozinho. Deitado, aos 6 anos de idade, em um quarto escuro. Uma mão com uma luva preta tentou me asfixiar. Lembro como se fosse hoje do pânico que me tomou. Acordei sem ar, sem chão. Só me restava o medo. E por alguns segundos, a solidão.

Acredito que esse seja um temor que toma conta de todos, ao menos uma vez na vida. Ninguém é auto-confiante o suficiente para dizer que nunca sentiu medo de viver sozinho. Ser condenado a não poder dividir alegrias ou tristezas com alguém. É pra fugir disso que as pessoas se mascaram, tentam parecer diferentes do que são. Medo de que não sejam aceitas no seu âmbito social. Medo de morrerem sozinhas. Mais do que qualquer pesadelo, é a incerteza que amedronta. Sonhar que você estava descendo uma escada até pisar no vazio e acordar pode ser desconfortável. Mas acordar e sentir-se só, pode ter certeza, meu amigo, é muito pior.

Algo que sempre me inquietou nos sonhos foi a forma como eles são construídos. Nunca sabemos exatamente como um sonho começa, como chegamos a determinado lugar. É algo tão inconsciente que construímos cidades que nunca vimos e passeamos por ruas onde nunca estivemos. Um filme que recomendo, não apenas pelo brilhantismo da história ou dos efeitos especiais, mas principalmente pelo modo como demonstra a construção dos sonhos, chama-se "A Origem", lançamento do ano passado e considerado por muitos como o melhor filme de 2010.

O que consola é saber que, ao contrário do filme, sabemos que acordar de um sonho significa realmente voltar para a realidade (ou ao menos para aquilo que chamamos de realidade). É bom acordar e ver que, no quarto ao lado, está minha mãe dormindo tranquila. Ligar o telefone e ver que recebi uma mensagem de "bom dia" da namorada. Perceber que o pior dos temores não se concretizou e que aquele pesadelo que perturbou o sono nada mais é do que isso: apenas um sonho ruim.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O velho táxi branco, os cinco picolés e um corte de cabelo

Gostava do tempo em que chegava na rodoviária de Rio Pardo, depois de 9 ou 10 horas de viagem, e via o velho táxi do Beto nos esperando. Um cena clássica. Aquele Uno branco, estacionado na frente de todos os outros carros, apenas esperando por nós. Pensando bem, não sei se era um Uno. Talvez fosse um Mille, que nada mais é do que o mesmo carro, mas com um nome diferente. O Beto nunca aceitava que pagássemos pela corrida. “Deixa que tua vó paga todas as corridas no fim do mês”, dizia ele. Hoje o Beto tem um corsa (ou algo parecido, nunca fui bom com nomes de carros), ar-condicionado, trava elétrica. E como as visitas a Rio Pardo passaram a ser bem mais frequentes, ele não vai mais me esperar na rodoviária.

Sinto falta do tempo em que se comprava 5 picolés com apenas um real. Da época em que jogar bola no meio da rua era normal. As traves eram feitas com havaianas, milimetricamente posicionadas para que nenhum time tivesse vantagem. Após os jogos, beber refrigerante com os amigos sentado no muro de algum vizinho. Ou comprar sacolé – ainda sinto o sabor do de laranja – e sentar no fio da calçada, falando besteira, reclamando das dificuldades da vida de um adolescente e vendo os carros passarem. Mas nada se compara ao carro de picolé passando pela rua. A gurizada com o dinheirinho contado, moedinhas conquistadas com suor, apenas para comprar 5 picolés – aguados e de qualidade duvidosa. Hoje, a brincadeira custa 50% a mais. “Cinco picolés por apenas um e cinquenta”, grita o auto-falante do carro. Mas não soa tão bem quanto soava na minha adolescência.

Até mesmo ir ao barbeiro já não passa a mesma sensação. A barbearia do Renato era arejada com um ventilador velho, tinha edições da 4 Rodas e da Super Interessante de 3 anos antes. Um rádio de pilha, velho, sempre sintonizado na Rádio Rio Pardo. Ir cortar o cabelo era ter a certeza de pagar 5 reais pelo corte e ver sempre as mesmas máquinas, bastante usadas mas sempre confiáveis. Hoje, até ar-condicionado o Renato colocou no pequeno salão. As máquinas não são tão velhas. Tem até uma que se molda à orelha, para cortar melhor. O corte agora custa 6 reais durante a semana e 7 aos sábados. E o Renato, quem diria, voltou a estudar. Me contou ontem, todo faceiro. As coisas mudam tão rápido, nem dá tempo de acompanhar. Só o velho radinho de pilha da barbearia continua, sempre fiel, mesclando notícias da cidade com as velhas canções do Roberto Carlos. Que bom que ao menos algumas continuam sempre iguais.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Músicas para recordar

Para quem gosta do som dos anos 70 e 80, aqui vai minha contribuição. Abaixo estão dois vídeos, ambos comigo tocando sax. No primeiro, a música executada chama-se Crazy Litlle Thing Called Love, imortalizada pela banda Queen. No segundo, um dos grandes sucessos da banda BeeGees nos anos 70, How Deep Is Your Love.






domingo, 16 de janeiro de 2011

Madri

Encerrei 2010 com a promessa de que atualizaria o blog constantemente e eis que a primeira postagem de 2011 vem apenas no 16º dia do novo ano. A verdade é que procurava algo que me estimulasse a escrever. Não consegui encontrar nenhum tema que me agradasse. Resolvi que postaria algo assim mesmo.

Para começar 2011, pensei em imitar os grandes cronistas e escrever sobre o passado. Recordar alguma história da infância, falar sobre o quanto era divertido ser criança nos anos 90 e o quanto esse conceito foi modificado no novo milênio. Outra ideia que surgiu foi a de escrever sobre os passeios de ônibus entre Santa Cruz do Sul e Sinimbu, ou a escala semanal ate Rio Pardo. Mas o fato é que nenhuma das ideias me deu estímulo suficiente para escrever. Por isso, o primeiro post de 2011 é um vídeo gravado ainda em 2010. Espero que gostem.


Jovem Foca