segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Meu clichê de fim de ano

Neste fim de ano, com tantas "retrospectivas" por aí, nada mais justo do que o Eu, Foca também passar pelo momento "nostalgia" que rodeia esses últimos dias de 2010. O ano começou meio parado. As férias da faculdade não me fizeram atualizar o blog com mais frequência. Pelo contrário, postei apenas 6 vezes em 3 meses. Ensaiei bastante. Toquei no carnaval e me frustrei por receber menos do que o combinado (futilidade financeira).

Depois, já durante as aulas, participei de projetos legais, conheci pessoas maravilhosas que marcaram meu ano. Comecei a trabalhar, mas fui demitido antes de completar um mês (precisavam de alguém com conhecimento avançado em Photoshop). Participei mais ativamente no dia a dia da Universidade. Fiz trabalhos que me marcaram e certamente deixei minha marca por aí. Ganhei prêmios. Reconhecimento que me deu certeza de que estou no caminho certo.

Mesmo com o tempo cada vez mais limitado, não desisti da música. Tentei, durante todo o ano, dedicar-me o máximo possível ao saxofone. Após as férias de meio de ano, decidi tornar o blog mais ativo. Voltei a escrever crônicas - algo pelo qual sou apaixonado desde o ensino médio. Fiz posts polêmicos sobre mulheres, outro sobre música. Fui xingado, criticado, esculachado. Li todos os comentários e refleti sobre cada um deles. Até mesmo sobre aqueles que não mantiveram a educação. E no final, conclui que não mudo minha opinião apenas porque algumas pessoas pensam diferente ou não entendem minha ironia.

Criei duas séries no blog e prometi atualizá-las com certa periodicidade, mas já descumpri os prazos. Fiz planos para as férias, mas também não conseguirei cumpri-los. Prometi criar um vlog. Jurei a mim mesmo que escreveria todos os dias. Pensei em produzir podcasts semanais. Mas como de costume, as ideias mil que surgem tornaram-se inviáveis. O motivo? Continuo tentando abraçar o mundo sozinho. Para 2011, alguns planos já em andamento. Em janeiro um deles inicia, mas não posso adiantar nada. Em fevereiro, vou atrás da grande reportagem que planejo há meses para o próximo Unicom.

O trabalho, vai bem, obrigado. Cansativo, como todo trabalho. Ora estressante, ora extremamente estimulante. Faz parte da vida. Parabenizo aquele que estiver sempre feliz com sua rotina. A vida pessoal, cada dia melhor. Conheci pessoas incríveis e tenho orgulho de chamá-las de "amigos". Compartilhei alegrias, gargalhadas, trabalhos, frustrações e discussões com cada um deles. E no final, apenas a tristeza em saber que não verei a maior parte deles durante as férias. Também conheci uma pessoa muito bacana que me fez esquecer a promessa de que não me relacionaria com ninguém por um bom tempo.

E agora? Será que faço promessas neste fim de ano? Mas de que adianta promessas se eu nunca as cumpro? Sei que não adianta prometer que irei emagrecer. Faço isso há anos e... nada. Não vou prometer que serei menos rabugento e inconformado com o mundo. Seria contra os meus princípios. Não posso dizer que atualizarei o blog com cada vez mais frequência. Seria mentira, embora admita que a vontade é essa. Só posso dizer, de fato, que estarei de volta no ano que vem. Que continuarei sendo este inconformado que vos fala, que não tem mais fé na política mas que, no fundo, ainda acredita no ser humano. Que continuarei com minha paixão incontrolável por música, por seriados e por livros. Em janeiro, o Manual do Estagiário e o 10 Livros para salvar do apocalipse voltam. E sem mais delongas, só posso agradecer a todos vocês que estiveram comigo em mais este ano. Que leram, comentaram, riram ou choraram com as postagens. Agradeço por cada segundo que desperdiçaram comigo. E que venha 2011. Grande abraço. Um Feliz Natal e um novo ano cheio de alegrias e realizações. São meus votos - clichês, sim, mas indispensáveis - para este Reveillon.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Hora de dar parabéns

Preciso usar esse espaço aqui no blog para parabenizar uma amiga muito especial. É a @mauralibio que se formou dia 18 em Secretariado Executivo. Só quem esteve com ela nesses últimos meses sabe o quão difícil foi essa batalha e o quanto ela é merecedora de tudo isso. Por isso, abaixo, está o cartão que fiz para presenteá-la nessa data tão marcante. É hora de, mais uma vez, dizer PARABÉNS!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Até quando?

No mesmo dia em que recebemos a notícia de que nossos representantes legais estão em Brasília votando um aumento de sessenta porcento em seus próprios salários, as casas de saúde e hospitais filantrópicos do estado começam a entrar em desespero. Isso porque o tesouro nacional ainda não repassou ao Ministério da Saúde os recursos para custear os gastos do SUS no mês de novembro.

Todo fim de ano é a mesma coisa. Os gastos dos hospitais aumentam por conta do décimo terceiro salário, e a verba que deveria ser repassada pelo estado para a manutenção do SUS sempre vem com atraso. Parece que o mais importante mesmo é elevar para R$ 26 mil o salário de um parlamentar. Investimentos e repasses a hospitais públicos? Pra quê, meu amigo? Afinal, quem tem o poder de votar pelo aumento do próprio salário não depende do sistema público de saúde.

Eu me pergunto, até quando? Até quando os interesses dessa minoria elitista irão superar as necessidades de uma população carente, fragilizada e incapaz de lutar pelos seus direitos? Até quando seremos privados de um sistema de saúde com mais qualidade, simplesmente porque os cofres públicos não querem bancar investimentos que possam melhorar a vida da população? Até quando nossos representantes, aqueles que elegemos e que deveriam estar em Brasília ecoando a nossa voz, lutando por nossos interesses, até quando eles vão olhar apenas para o próprio umbigo e lutar apenas pelo seu próprio benefício? Até quando ficaremos calados enquanto nos fazem de palhaços, diariamente? Até quando você, sim, você mesmo, que está aí lendo ou ouvindo este texto, até quando você fechará os olhos e fingirá que não há nada de errado?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Algumas mudanças

Sei que não passa de mais um clichê barato em meio a tantos outros já escritos e descritos aqui neste blog. Ainda assim, dou-me ao luxo de cair uma vez mais no lugar comum e dizer: os tempos mudaram. E como mudaram. E ainda assim, algumas coisas (alguns pensamentos) continuam exatamente como há meio século. Minha avó, por exemplo, tem até orkut, presenteia os seus com aparelhos eletrônicos, está totalmente hi-tec, mas não consegue aceitar que chamem de namoro um relacionamento em que um dorme na casa do outro. "Isso não é namoro. Vocês estão vivendo juntos", diz ela.

Sim, tudo mudou. Não existiam calcinhas comestíveis na época em que meus avó namoravam. Se você reclama que hoje seus pais não lhe dão liberdade, imagine naquela época. Pense que há uma boa razão para que sua avó prefira sertanejo a rock. Lembre-se que ela já teve sua idade, já viveu muito do que você vive (é provável que com bem menos intensidade). Não a chame de retrógrada. Não fique irritado por seus comentários. Melhor pensar que, em 30 ou 40 anos, você estará na mesma posição em que ela encontra-se hoje. Se há algo imutável, mesmo com o passar dos séculos, é o carinho (e a preocupação) entre avós e netos.

Antes, mulheres não podiam pedir um homem em namoro, tampouco dividir a conta. Hoje, não há regras. O manual de boas maneiras foi rasgado, triturado e queimado dentro da lata de lixo. Não há mais nenhum crime em uma mulher exigir um tratamento igual ao dos homens. O verdadeiro crime da vida contamporânea é tratá-las diferente. Ou pior, tratá-las com indiferença. Porque nada pode irritar mais o sexo "frágil" do que o gelo, o não-estar-nem-aí. Elas precisam ser ouvidas e fazem valer seu direito. Começam a dominar o mercado de trabalho, ganham mais do que você, homem, inútil, imprestável, e agora indefeso. É ela quem dá o presente mais caro no Natal. E é ela quem manda em casa. Mas, pensando bem, sempre foi. É ela quem leva o filho na escola, mas esquece de levar o carango na oficina. Trabalha o dia inteiro e ainda tem tempo de fazer as unhas antes que você chegue cansado e rabugento do trabalho. Sim, tudo é diferente. Mas algumas coisas, meu amigo, algumas coisas nunca mudam. 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Manual do Estagiário - Capítulo III

Seu chefe mente

É triste, é desolador, chega a ser cruel. Mas é a pura verdade, caro estagiário. Seu chefe mente. E mente muito. Na verdade, ele mente o tempo inteiro. E o pior: te força a mentir também. As mentiras começam antes mesmo de sua admissão, no meio da entrevista. Diz ele: "Trabalhar aqui na empresa é fantástico, você vai se sentir em casa (até porque, você só vai viver para trabalhar). E os colegas serão como irmãos (você brigará com eles o tempo todo)." Depois de assinado o contrato, começam as mentiras menos veladas.

As primeiras semanas serão de puxa-saquismo, mas basta chegar o primeiro feriadão para tudo mudar.  Primeiro porque, para você, não existe feriadão. Seu chefe estará em Angra dos Reis (com aquela estagiária gostosa em quem você já está gamado) enquanto a turma de estagiários da firma ficará cumprindo hora extra. "Não se preocupem, vocês vão receber por trabalhar no feriado". Ele apenas não conta que o pagamento é em banco de horas que você poderá usar caso precise, em algum dia, por motivo de doença. Mas é lógico que terá de comprovar a doença com atestados de 3 médicos diferentes. No mínimo.

Mas, se serve de consolo, seu chefe não mente apenas para você. Mais do que isso, ele mente para outras pessoas além de estagiários. Ou melhor, ele te faz mentir por ele. Quando liga aquele fornecedor chato, por exemplo. É você quem deve inventar a desculpa, criar viagens para o Uzbequistão ou mortes de parentes distantes. E quando ligam os credores então! Seu trabalho, enquanto estagiário eficiente e disposto a mostrar serviço, é limpar a imagem daquele que paga teu (ínfimo) salário. Sem contar todos os jantares de negócio marcados na agenda dele para enganar a esposa, enquanto ele se esbalda em algum motel de luxo com a gostosa da estag... Bem, você já sabe. E se quer parar de ouvir, ler, viver mentiras, não pergunte sobre o aumento que ele prometeu há 6 meses ou sobre suas férias vencidas. É inútil. E eu avisei. É triste, é desolador, chega a ser cruel. Mas é a mais pura verdade.

Para ler o capítulo anterior, clique aqui.
Para ler o primeiro post da série clique neste link

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Manual do Estagiário - Capítulo II

Contexto Sócio-político-econômico-cultural

Antes de ler mais dicas de sobrevivência, é importante que o estagiário entenda o contexto em que está inserido. O estagiário é o ser mais amado da empresa. É sério. É lógico que não estou falando do estagiário/pessoa, mas do estagiário/função. Você, enquanto estagiário, não possui significado algum para seus superiores. O que realmente interessa é a função realizada, e não quem a realiza. A verdade é que todo chefe de departamento adoraria ter tantos estagiários quanto possível.

É a lei de mercado a seu favor, caro estagiário. Recebendo a miséria que recebe, você se torna muito mais útil do que aquele funcionário que trabalha há 30 anos na empresa e que está prestes a se aposentar, ir embora e receber todos os seus direitos trabalhistas. Até porque, ao contrário de você, ele possui direitos trabalhistas. Pense bem. Você ficará na empresa por quanto tempo? Dois anos, sendo otimista? Dois anos recebendo metade de um salário mínimo e trabalhando por 3 pessoas.

Mas, se serve de consolo, agora você tem direito a férias. Sim,  finalmente a legislação pensou em você. É claro que, dificilmente você sobreviveria 1 ano inteiro (tempo necessário para se ter direito a férias) trabalhando em um mesmo local. Ainda mais depois de descobrir que aquela estagiária gostosa do RH - em quem você está de olho desde o primeiro dia - está transando com seu chefe. E contenha-se! Não caia em desespero. Não tenha um surto de cólera e agrida seu chefe. Ou, pensando bem, não precisa se conter. Você não perderá seus direitos ao ser demitido por justa causa mesmo. Feche bem o punho e dê um murro no nariz dele. Agarre a estagiária. Mostre que é você quem manda. Depois disso, acorde e volte ao trabalho. E reze para que ninguém tenha te visto cochilando no meio do expediente.


Para ler o capítulo anterior, clique aqui.
Para ler o primeiro post da série clique neste link

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um Holmes moderninho

Para quem passa horas atrás de um bom seriado, não é novidade ouvir (ou neste caso, ler) que Sherlock é uma das séries mais sensacionais do ano. Ainda assim, reitero o discurso saudosista que venera a trama. Produzido pela BBC, Sherlock é a releitura moderna das obras de Sir Conan Doyle. Na versão "moderninha" da história, Holmes possui um site e adora usar SMS. Com sua "ciência dedutiva", o maior detetive do mundo ganha vida na interpretação impecável de Benedict Cumberbatch. Já seu braço direito, Dr. Watson (interpretado por Martin Freeman) - médico durante a guerra do Afeganistão; baleado; com um abalo psicológico que o deixou manco - possui um blog em que conta as histórias vividas ao lado do amigo.

Bem diferente do "Sherlock Holmes" lançado ano passado sob a direção de Guy Ritchie, com interpretações fracas e roteiro muito aquém do esperado, o Holmes do século XXI proposto no seriado é marcado por grandes interpretações e um roteiro assustadoramente fidedigno para uma adaptação. Além disso, a estética da produção é brilhante. A fotografia valoriza os detalhes de tal forma que podemos sentir o ambiente. A trilha sonora nos conduz, nos prende, nos fixa na trama de tal forma que é difícil sair impune.

Infelizmente a série possui apenas 3 episódios com 90 minutos cada. Não há confirmação sobre uma segunda temporada (se houver, me avisem) mas minha torcida é para que ela vá adiante. O fato é que esses 3 episódios serviram apenas para deixar o público com aquela sensação de "quero mais". Para mim (simples blogueiro e estudante de jornalismo apaixonado por seriados), Sherlock é uma das 3 melhores séries de 2010 e tem tudo para tornar-se a número 1 em 2011.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Manual do Estagiário - Capítulo I

Perigo nas redes sociais

Você não imagina o quanto pode ser perigoso usar seu Orkut, Facebook, Twitter ou LinkedIn. As pessoas  (principalmente os jovens mais desmiolados que após alguns meses de estágio ficam desiludidos com o mundo) têm a mania de pensar que "xingar muito no twitter" vai resolver sua vida. Mas cuidado com o que você twittar. Chamar seu chefe de porco chauvinista (por mais que ele realmente seja) pode custar seu emprego. Exibir fotos no orkut em que você está agarrando a filha (menor de idade) do porc... digo, do seu chefe, também pode resultar na sua demissão. E lembre-se, você é apenas um estagiário, sem direito a benefício algum caso seja demitido.

Outra coisa que não funciona é entrar em comunidades do tipo "Eu odeio meu chefe", "Eu odeio trabalhar na segunda-feira" ou "Quero pegar a coroa do meu chefe" (essa última está terminantemente proibida). Você pode clamar pelo direito de expressão, de usar seu orkut da forma que bem entender. Mas seu superior também usará o direito que ele possui de não ter você como empregado. E não adianta passar o dia choramingando no facebook que você não aguenta mais esse dia, que está morrendo de sono, trabalhando por dois, etc. Primeiro porque isso não aumentará sua popularidade. Segundo porque, quanto mais você reclamar que trabalha demais, mais trabalho surgirá. É a Lei de Murphy. É bom acostumar-se desde cedo com a ideia de que seu chefe JAMAIS vai dizer "nossa, você tem trabalhado muito. Tira uma folga amanhã".

Por fim, uma dica para quem trabalha diretamente com a internet e mídias sociais. Cuidado com o que você posta no seu perfil. Cuidado principalmente na hora de averiguar se o perfil em que você está postando alguma "piadinha" é realmente o seu ou o da empresa. Erros assim acontecem, é humano, ou melhor, é sempre coisa de estagiário. Aquela frase infeliz da @MEC_Comunicacao, por exemplo, é o tipo de erro causado pela euforia de um estagiário. Agências de publicidade que reclamam de clientes no twitter, sempre têm o dedo de um estagiário. É verdade que os clientes merecem a reclamação na maioria dos casos, mas ainda assim, quem você acha que seria dispensado pelo dono da agência?

Resumo: Você pode até se considerar vítima das circusntâncias, mas o resto da humanidade não está nem aí pra isso. E sim, seu chefe, com certeza, é o responsável pela fome na África. E se um dia você deixar de ser estagiário e se tornar chefe, você também será o culpado por todas as dores do mundo.

PS: Esse texto não passa de ficção escrota e barata, e qualquer semelhança descritiva com o FDP do seu chefe ou exemplos de erros que você já tenha visto na sua cidade, é pura coincidência.

Para ler o primeiro post da série clique neste link.

Manual do Estagiário - Prefácio

Sorriso no rosto, olhar inseguro, mas com postura confiante. Ali está, seu primeiro emprego, um estágio na área em que sempre sonhou (ou nem tanto assim). Os chefes são sempre fantásticos e inteligentes. A equipe de trabalho mostra-se unida e disposta a ajudar-lhe em tudo. Sem contar que, pela primeira vez na vida, você terá um cartão de crédito que não depende do dinheiro do seu pai, mas do seu próprio suor. Sua vida de estagiário não poderia começar melhor.

Mas não se engane, meu amigo. Tudo não passa de fachada. Logo você vai perceber o quanto era feliz desempregado. Aquele colega simpático, gente boa e camarada, que se dispôs a te ensinar cada etapa do trabalho em seu primeiro dia, vai pensar que é teu chefe e começará a tratá-lo como um simples ajudante. Aquela estagiária gostosa do setor ao lado JAMAIS dará bola para você. O tempo mostrará que a genialidade de seu chefe é bastante limitada. E logo o pobre estagiário vai entender que, apesar de o estágio ser remunerado, ele ainda dependerá do dinheiro de seu pai.

Mas, mesmo com tantas dificuldades, como o estagiário pode sobreviver nesta selva em meio a tantos animais irracionais? Bom, o primeiro passo é saber que a culpa - independente do que aconteça - sempre será sua. De resto, só o convívio diário e o trabalho árduo podem ensinar. Mas a partir deste manual você saberá o que fazer (e principalmente, o que não fazer) em determinadas situações. Toda semana um novo mini-capítulo será lançado com alguma situação fictícia (ou não) sobre o seu universo, caro estagiário. E o melhor de tudo, você não precisará gastar um centavo da merreca que recebe para ler todas essas besteiras. 
 

PS: Esse texto não passa de ficção escrota e barata, e qualquer semelhança com o energúmeno do seu chefe ou com o FDP do seu colega é mera coincidência.

Momentos de Enart

Cai na pauta por acaso. Na última edição da cadeira de telejornalismo desse semestre, topamos desafios diferentes. Algumas pautas polêmicas, outras mais amenas. Minha pauta ainda é uma incógnita (embora eu já tenha algum material produzido). Mas a matéria que realmente me atraiu foi a da colega Marluci Drum. O objetivo da pauta era bem simples, a princípio: falar sobre os bastidores do Enart, o maior encontro da cultura gaúcha.

Foi na terça-feira, dia 16. Após um dia de trabalho, cheguei em casa e me fui, como de costume, para o computador. A Marluci me chamou, desesperada, no MSN. Ela precisava de um câmera para gravar o último ensaio do CTG Lanceiros de Santa Cruz antes do Enart. Como eu já disse, cai na pauta por acaso. Mas só eu sei o quanto isso tudo foi fantástico. Começou com o acolhimento que recebemos. Os olhares desconfiados, do início, logo transformaram-se em simpatia e sorrisos.

A segunda etapa foi na sexta-feira. Fomos para a pousada em que o pessoal do CTG estava hospedado, em retiro. Acompanhamos cada momento que precedeu a primeira apresentação do grupo, na fase classificatória para a grande final. Cada história, cada sonho, cada momento registrado. Era como se já fossemos todos velhos amigos, conhecidos de outros tempos, mesmo sem nunca termos visto nenhum deles antes do ensaio de terça-feira.

O desafio do último dia começou cedo. Entre confusões sobre horário, telefones que não chamavam e fitas  faltando, impedindo que completássemos as gravações, o dia foi uma grande correria. Mais do que a performance dos dançarinos, a intenção era captarmos a emoção à flor da pele de cada um deles. Lágrimas nos olhos, sorrisos comedidos e, de certa forma, temerosos, aguardando o resultado. E por fim, a emoção, o choro de quem batalhou por um sonho e o viu realizado.

Logo você vai conhecer a história do Aquiles, da Cris, do Rodrigo, da pequena Manú, e de tantos outros peões e prendas que fizeram parte da história dessa 25ª edição da festa tradicionalista. O espetáculo do Enart você já viu, mas só aqui saberá como foram os bastidores, os momentos de tensão e euforia daquele que, pela primeira vez, sagrou-se um dos 3 melhores grupos de dança tradicionalista do estado.

PS: A Bruna e o Augusto nos acompanharam em todos os momentos da reportagem. Quando não podiam estar pessoalmente, estavam por telefone. Todos os problemas que tivemos e as dificuldades, eles nos auxiliaram. Foram os melhores produtores que podíamos ter e, certamente, a matéria não sairia sem a ajuda deles.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Somos hipócritas

Acabei de voltar do almoço. Foi em um desses botecos de esquina, bem fuleiros, do tipo que sempre se encontra próximo à praça central da cidade. O dito almoço não passou de um xis frango com uma coca-cola, uma refeição nada saudável. Quase todas as mesas estavam ocupadas. Nada demais, afinal, estávamos em horário de almoço. Mas, mesmo com a local cheio, algo me chamou a atenção.

Um menino, com seus 9, talvez 10 anos de idade, adentrou o bar. Vestia uma camiseta amarela um pouco rasgada e amarrotada, uma bermuda de tecido fino e chinelos de dedo. O menino, de cabeça raspada e olhar medroso, chegou próximo ao caixa e perguntou: "quanto é um pastel?" A mulher, com um ar de indiferença respondeu: "R$ 2,50". O menino baixou a cabeça e pôs-se a contar as moedinhas que tirara do bolso. O garçom e a garçonete aproximaram-se do balcão, enquanto o garoto, encabulado, descobria se teria dinheiro para comprar seu pastel. Por fim, a mulher do balcão perguntou se ele iria ou não querer o lanche. E com a expressão mais triste que a desilusão pode causar, o menino respondeu que não. Deu as costas e foi-se embora.

E o que realmente entristece nessa história, é que ninguém ali presente demonstrou a menor preocupação com o fato. E quando digo ninguém, me incluo no contexto. O que eu poderia fazer, afinal? Pagar o pastel para o garoto? Garantir uma refeição pra ele sabendo que amanhã ele estará na mesma situação? Na verdade, era exatamente isso que eu deveria ter feito. Certamente não resolveria sua vida. Amanhã (ou hoje mesmo) ele estaria novamente na rua, contando as moeda para poder comprar o que comer. Mas ao menos essa sensação de impotência... pior... essa sensação de conivência, não me perturbaria.

Me entristece pensar que uma criança de 10 anos não pode comer algo tão simples, tão insignificante quanto um pastel, simplesmente por não ter dinheiro suficiente. Enquanto isso, seguimos com nossas preocupações fúteis sobre o novo equipamento tecnológico desnecessário que compraremos no natal. E o pior é saber que essa criança me chamou a atenção, mas tantas outras passaram desapercebidas. Quantas crianças (exatamente como essa), homens, mulheres, idosos, passam todos os dias por nós, nos pedem um pedaço de pão, uma moeda, e nós, do alto de nossa arrogância, apenas fingimos não ver. Me enoja essa filosofia burguesa (da qual faço parte) que prega o capitalismo como centro do mundo; que eleva cada vez mais a necessidade do consumo de futilidades enquanto uma criança não pode simplesmente comer um pastel. Sim, somos hipócritas, todos nós. E minha maior hipocrisia é justamente reclamar disso, mesmo estando inserido na sociedade que desdenho. Sim, sou hipócrita, e vocês também o são. Mas não pude mais segurar isso na garganta. Precisei gritar, mesmo que ninguém mais ouça.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dez livros para salvar do Apocalipse

Conforme prometido, uma vez ao mês falarei sobre um dos livros indicados pelo professor Paulo Pinheiro como "os 10 livros para salvar do apocalipse". A primeira obra é "1984", de George Orwell.

AVISO DE SPOILER

    Se 1984 tivesse sido escrito no ano que dá nome à obra, é possível que seu conteúdo não fosse tão atual em muitos de seus aspectos. O livro, escrito em 1948 (84 invertido), deveria ser a leitura de cabeceira de todos os profissionais da comunicação. George Orwell relata, durante 277 páginas (7ª Edição, 1973 – Companhia Editora Nacional), uma sociedade fictícia em que não há liberdade de expressão ou pensamento, em que a língua é reduzida a cada ano para que não existam meios de argumentar contra o governo e sua ideologia. Um mundo em que a verdade é modificada a cada instante e onde uma mentira, dita muitas vezes, realmente é aceita como verdadeira.

    A história se passa na Oceania – um supercontinente que compreende as Américas, as ilhas do Atlântico, a Australásia e parte da África – e relata a vida e os pensamentos de Winston Smith, um funcionário do “Ministério da Verdade”, um dos quatro ministérios que controlam o “império”. Winston, ao contrário da maioria dos “membros do partido” - a classe média da sociedade na Oceania – não se conforma com muito do que vê diariamente. Sua função no ministério é alterar documentos que possam conter informações que não convêm ao governo. Assim, Winston  reescreve exemplares de jornais, artigos, livros e documentos oficiais diariamente. Mas ele guarda recordações de um passado distante, de um mundo esquecido por todos e é movido pela dúvida: será que o mundo de antes da revolução era pior do que o atual?

    Ser membro do partido significa viver em igualdade de bens materiais com os outros membros. Assim, o governo do Grande Irmão – um homem louvado pelos partidários como um Semideus – distribui uma quantidade limitada de recursos de forma uniforme aos que trabalham nos ministérios, enquanto os proles, a classe subalterna que não desfruta dos “benefícios” oferecidos pelo governo, vivem às margens da sociedade, sem regramento que os comande ou Estado que os proteja. Mas esse “controle totalitário” da sociedade por parte dos membros do Partido Interno – uma classe mais abastada do partido e diretamente ligada ao Grande Irmão – não seria possível sem o desenvolvimento dos meios de comunicação.

    O desenvolvimento dos televisores (ou teletelas) proporcionou aquilo que faltava para que uma classe obtivesse poder total sobre o povo: a vigilância constante. As teletelas tornaram possível o controle total do pensamento através do medo e da alienação. A “Polícia do Pensamento” procura por “ideocriminosos” - aqueles que têm uma ideologia contrária à do partido – e os executam. E o televisor (que na história de Orwell é um instrumento que além de exibir também capta som e imagem) é a principal forma de controle. Além disso, desde cedo as crianças são educadas para tornarem-se membros irrevogáveis do partido, sendo incentivados a denunciar “suspeitos” por “crimideia” (palavra em novilingua referente aos criminosos do pensamento).

    E falando em “novilingua”, esse é o nome dado ao novo idioma oficial do continente. A língua passa a ser desconstruída. Milhares de palavras são destruídas e outras são criadas, ano após ano. Conceitos  que possam inspirar grandes ideias simplesmente desaparecem dos dicionários e caem no esquecimento. O novo idioma (ainda em processo de implantação) vem fundado no princípio de que, em breve, mesmo que se tenha ideias contrárias às do governo, será impossível defendê-las, simplesmente por não existir uma palavra que sustente seu argumento. E é nesse contexto que a história de Winston é desenvolvida.

    Todas as dúvidas e os pensamentos que dão sustentação ao enredo se desenvolvem a partir do momento em que Winston se sente motivado a quebrar algumas “regras sociais”. Além de pensar em coisas que não deviam ser pensadas e questionar-se sobre a real eficiência do estado, o personagem compra uma caneta e papel (algo terminantemente proibido pela polícia do pensamento) e começa a escrever, pela simples necessidade de se expressar. Ele relembra fatos já adormecidos em sua memória e conhece uma moça com quem passa a ter um caso (outro ato ilegal perante o estado). Winston e Júlia (nome da moça com quem se relaciona) se unem à Fraternidade - uma espécie de resistência contrária ao poder do Grande Irmão (afinal, onde houver um governo repressor, sempre haverá uma resistência) – com a intenção de lutar, mesmo sem saberem ao certo pelo quê.

    Mais do que uma ficção que relata a vida em um supercontinente sob um governo ditatorial, “1984” reflete sobre a influência dos meios de comunicação na sociedade, sobre o controle do pensamento e, principalmente, sobre o quanto a realidade é manipulável. Sobretudo, nos mostra o quanto é atual essa discussão iniciada nos primórdios do século XX. Alguns livros, após lidos, sempre modificam a forma com que seus leitores veem o mundo. E George Orwell, certamente, escreveu um destes.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Diz Aí Especial do Viva Unisc

Aqui está mais uma edição do nosso jornal mural do curso de comunicação social, o Diz Aí. Essa edição será usada como forma de divulgação das habilitações do curso no Viva Unisc.

Diz Ai - Edição Especial Viva Unisc                                                                   

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Aquilo que "1984" previu

Talvez o mundo idealizado por George Orwell em "1984" não seja tão fictício assim. A "Polícia do Pensamento" está por aí, vasculhando as suas redes sociais, te seguindo no twitter, curtindo no facebook, esperando apenas um tropeço que o incrimine como ideocriminoso. E reclamar de (mais) um erro do ministério na realização do ENEM certamente é um crime ideológico. Cuidado, camarada, você pode ser vaporizado!

sábado, 30 de outubro de 2010

Velhas novidades

Ainda não tinha conseguido tempo para postar novamente. Esse breve texto é apenas para não deixar o blog desatualizado. E também, para contar para aqueles que ainda não sabem que o Momento Mistério faturou mais um prêmio. Lembram que faturamos um no SET da Puc? Pois bem, agora a premiação foi no 3º Prêmio Anual de Comunicação da UFSM, de Santa Maria. O programa venceu a categoria "Programa de Radiojornalismo". Para quem ainda não ouviu o programa, aqui está o link. Bom, e o que mais posso dizer para encerrar esse breve post? Ah, sim. Tem blog novo no ar, feito para a disciplina de Jornalismo Online. É o Voz e Violão, um blog feito para aula e que eu pretendo dar continuidade, mesmo após encerrar a cadeira. Ah, e tem outra novidade não tão importante assim, mas que seria legal de compartilhar. Estou namorando um Tablet. Na verdade, queria um Ipad, mas como ele não está muito acessível, procurei algumas alternativas. A melhor que encontrei foi essa, com sistema operacional Android 2.2. E pensar que o post de hoje seria bem diferente. Eu queria falar sobre pessoas que andam de carro com som a todo volume. Perdi a chance de fazer outro post polêmico (droga). Mas oportunidades para vocês me xingarem não faltarão, podem ter certeza.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dez livros para salvar do Apocalipse

Há mais ou menos duas semanas, na aula de jornalismo online, enquanto falávamos sobre livros, filmes, seriados e afins, o professor Paulo Pinheiro comentou sobre um dos 10 livros que ele salvaria do Apocalipse. No início, confesso que apenas achei graça. Mas realmente, os livros citados pelo professor em aula merecem a eternidade. Infelizmente, ele não nos deu a lista completa. A justificativa foi, "são dez livros pra se salvar do Apocalipse! Não é bem assim pra decidir quais vão ficar de fora".

Talvez você esteja se perguntando, "mas afinal, porque salvar do Apocalipse?" Imagine, então,o seguinte cenário. Você está sozinho, no meio da rua, em um mundo destruído. O local pode ser um misto de "Livro de Eli" com "Resident Evil e "Eu sou a Lenda". Os zumbis estão por toda a parte e você é o único humano com inteligência e habilidade física para combatê-los e salvar o que sobrou da humanidade. E sua principal missão, no momento, é salvar os 10 livros mais geniais que já leu.

É importante lembrar que você está fugindo e lutando contra zumbis, então os livros devem estar em versão de bolso, para que caibam eu seu casaco (afinal, você não carrega mochila. Tudo que precisa está nos bolsos de seu sobretudo). Mas como escolher apenas 10 livros? Pois essa é a missão do professor Paulo Pinheiro. Ele nos dará sua lista com os 10 livros que ele salvaria do Apocalipse. Eu lerei os 10 (na verdade, já li alguns) e direi se eu também os salvaria. E o mais importante: se um dia você estiver nessa situação, fugindo de zumbis, terá em mente uma breve lista daqueles livros que merecem sua atenção. A partir do mês que vem, uma vez ao mês, o post será uma breve resenha sobre um dos livros indicados. Mas é claro, quem decide se vale a pena ler é você. Eu apenas te dou a dica.

domingo, 24 de outubro de 2010

Um pouco de Stock Car

Na manhã de hoje, estivemos na etapa de Santa Cruz do Sul da Stock Car. Aqui estão alguns registros daquilo que conseguimos ver da prova (porque o local onde estávamos limitava bastante nossa visão da pista).

 

 Um início meio embolado (como todo início de prova), mas os primeiros acidentes não ocorreram na parte da pista em que estávamos.
 











As brigas por posição começam a esquentar.









O momento em que Cacá Bueno saiu da pista e perdeu a chance de vencer a corrida. 






Outros erros dos pilotos durante a prova.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Novo Mural Diz Aí

Buenas galera. Aqui está, em primeira mão, o novo Mural Diz Aí, em sua edição pós-seacom. Os relatos dessa edição do jornal mural são dos monitoes da Agência A4. A cobertura da Seacom foi algo desgastante, cansativo e excepcional. Apesar de todo o tempo investido, trabalhando, e de todas as dificuldades enfrentadas, é indescritível o sentimento de trabalhar para produzir uma semana inteira de conhecimento (além sala de aula) para os colegas. Esperamos que gostem da nova edição, que logo estará espalhada pelos murais da comunicação.

DizAi_Pós_Seacom                                                            

Nos bastidores da Seacom

Pouca gente viu, mas nas horas em que não estávamos trabalhando na XV Seacom, descansávamos nas agências. Em uma dessas oportunidades, fizeram o vídeo que segue.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

LS Jack na terra do Barril de Chopp

Foi tudo meio repentino. Até alguns dias antes da festa, o nome da banda não estava na programação. De fato, todos os anúncios, toda a publicidade da 26ªOktoberfest estava "incompleta", devido à introdução repentina de uma banda do sudeste do país. O grupo em questão chama-se LS Jack, uma das principais bandas brasileiras do início dos anos dois mil. Dona de sucessos como "Carla", "Uma Carta" e "Sem Radar", o conjunto carioca foi abalado, em 2005, por uma lipoaspiração mal-sucedida no vocalista, Marcus Menna. Em 2010, a banda voltou ao cenário nacional em uma turnê, com a volta de Menna.

O show estava marcado para as 21h, mas o atraso é habitual. Ainda assim, foi exagerado. O grupo subiu ao palco às 23:20, com mais público do que eu esperava. Em seu retorno ao sul do país, Marcus Menna subiu mancando levemente, com uma certa dificuldade em articular o pensamento. A banda começou a tocar, enquanto o vocalista dava "oi" ao público com uma certa dificuldade. Sim, ficaram sequelas. A introdução da música acabou, mas Menna perdeu o tempo de entrada da melodia. Um olhar rápido para o baixista Vitor Queiroz, que cantava a música, baixinho, para ajudar o vocalista a encontrar o ritmo. Enfim o LS Jack voltava à ativa.

A cada música que se iniciava, o olhar de Menna era desviado para Vitor Queiroz. O vocalista teve dificuldade de interagir com o público de forma constante e a insegurança estava marcada em sua voz. Ainda assim, cantou alguns dos principais sucessos da banda e mandou recados de agradecimento ao público, pela energia, pelo apoio e pela chance de fazer aquilo que mais gostam: tocar um bom rock'n roll. Todas as músicas foram recheadas com solos de guitarra e backing vocals. As canções variavam, ora tocavam alguma desconhecida, ora tocavam um de seus sucessos. Mas o público ainda estava na expectativa. Queriam mesmo era ouvir uma única canção. E foram atendidos.

Os presentes cantaram, desesperadamente, aquele que foi o maior sucesso da banda. O refrão de "Carla" ecoava pelos arredores da oktoberfest. Vozes de adolescentes, adultos, homens e mulheres em um uníssono. Mais do que um espetáculo musical, proporcionado principalmente pelo conjunto que acompanhou Marcus Menna, o sucesso da noite estava no apoio do público. É provável que sua voz nunca volte a ser a mesma. Menna perdeu a desenvoltura sobre o palco, parte de sua afinação e de sua auto-estima cantando. Mas mostrou que tem o apoio e a amizade dos seus companheiros de banda. Mais do que isso, conta com a compreensão do público, ainda fiel e apaixonado. O show era aberto e gratuito. Mas dinheiro algum poderia pagar a chance de assistir ao retorno daquela que já foi uma das melhores bandas do país.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tudo voltará ao normal

Sei que prometi voltar a postar frequentemente. Fiz essa promessa na segunda, se não me falha a memória. Mas a verdade é que tive uma semana do cão. É sério. Semana passada foi a minha primeira de trabalho. São 30 horas semanais de estágio na assessoria de comunicação do Hospital Santa Cruz. Após minha jornada diária de trabalho, corria para a Unisc, onde fui um dos cerimonialistas nas palestras da nossa semana acadêmica. A correria foi intensa, acreditem. Na sexta-feira, tudo terminou. Enfim, um final de semana inteiro para descansar. BANG! Errado.

Passei o sábado ensaiando e passando som. De noite, Toquei mais de 4 horas de baile (sim, voltei a tocar em bailes). Cheguei em casa no domingo por volta das 6:30 da matina. E às 14h já estava pronto para tocar novamente, desta vez pela banda marcial. No mesmo dia, ou melhor, na mesma tarde, voei para um salão comunitário onde tocaríamos novamente com a banda de baile. Na manhã seguinte, às 6:30 da manhã, enquanto muitos ainda roncavam e outros recém acordavam, já estava eu em um ônibus rumo a Santa Cruz do Sul. Um dia inteiro de trabalho. A noite de segunda-feira (pré-feriado) chegou com a esperança de sossego. Até que um amigo chega na frente de casa, de moto, com capacete extra. Veio buscar-me para irmos tocar, outra vez, em Rio Pardo, naquele mesmo salão comunitário da noite anterior. O relógio marcava 20h. E iríamos DE MOTO!!!

Nunca contei essa história por aqui, mas não tenho boas recordações relacionadas à motocicletas. Quando eu tinha cerca de 6 anos, meu pai, voltando para casa no meio da noite (morávamos em Passo do Sobrado, um lugarzinho bem próximo ao fim do mundo) sofreu um acidente, quebrou a perna e quase morreu. Ficou 50 dias internado, passou por várias cirurgias. E o pior: minha mãe achava que eu não sabia de nada! É claro que não conhecia os detalhes. Mas eu sabia que ele estava no hospital e que havia sofrido um acidente. E principalmente, sabia que estava vivo. Nunca esqueço da primeira vez que falei com ele enquanto ele estava no hospital. Ninguém havia me contado nada, ainda. Mas enquanto ouvia a voz dele, por telefone, imaginava ele falando comigo, sobre uma cadeira de rodas, triste. Ninguém precisou me contar nada. Eu sabia de tudo, sabe-se lá como.

Pois bem, desde então, não sou muito simpático a motos. E mesmo assim, o Everton estava aqui na frente de casa me esperando para voarmos até Rio Pardo. E quando digo "voarmos", tenham certeza que foi quase literalmente. A moto rasgou o asfalto no trajeto entre Santa Cruz do Sul e Rio Pardo. Chegamos em menos de 20 minutos (para se ter ideia, o tempo médio que um ônibus leva de um município a outro é 45 minutos). E o vento! E o frio! Pareço um chato reclamando, mas foi realmente terrível viajar naquele frio. E eu falei apenas do trajeto de ida. Mas ainda não mencionei que fui trazido de volta às 3h da matina, com mais frio, com mais vento e com muito mais sono. O resultado foi uma gripe das brabas que me derrubou durante o feriado e piorou no dia seguinte. E para terem ideia, ainda não estou totalmente recuperado.

Tá, parece um xororô brabo, uma desculpa chata e sem graça. Mas realmente não tive condições de colocar as postagens do blog em dia. E por isso, a postagem de hoje (e todos esses parágrafos que você não aguenta mais ler) é pra dizer que a partir da semana que vem, as postagens voltam ao normal. Voltarei a escrever duas ou três crônicas por semana, como vinha fazendo. E já tenho em mente alguns temas para os próximos textos. Então, não me abandonem (sim, isso é chantagem emocional). Por ora, não tenho mais o que dizer. Até porque, ficar aqui me explicando para vocês está me atrasando para a Oktoberfest. Mas pensando bem, se é para escrever pra vocês, vale a pena.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Crônica - Um dia de PRs: dos 3W ao "Eu já sabia"


Tudo começou com uma mão que tremia, uma voz que gaguejava e um olhar que não conseguia se firmar no papel. Era a blogueira Juliana Xavier que tentava concentrar-se durante o cerimonial da primeira palestra do dia, com Carolina Palma. Aliás, que dia! Uma programação inteira idealizada apenas por alunos. Mesmo estando longe do litoral, as golfinhas chegaram a tempo na cidade (sabe-se lá como). Sob olhares atentos, a palestrante da manhã, @carolpalma, iniciou seu discurso. Os focas twitteiros (inclusive eu) publicavam cada assunto tratado, cada frase de efeito, cada novo ideal. Sorridente, simpática e bela (muito bela), a golfinha mostrava que o resultado do sucesso profissional estava muito além do rostinho bonito. O público levantou questões e o mestre-raposão (sempre ele) saciou suas três curiosidades sobre o tema.

Durante a tarde, as palestrantes do dia encontraram-se. Era uma mesa de discussão proposta pelos três acadêmicos que organizaram a programação do dia (Juliana, Dennis e Matheus). O tema foi dividido por @carolpalma e @mairarolim. O objetivo era debater a importância do "fantástico mundo da internet", o acesso à dimensão dos pássaros azuis e das baleias voadoras, e qual o papel de focas, golfinhos, galos e afins na sociedade. Se há um consenso sobre o assunto, se chegaram a alguma conclusão em comum, ninguém sabe. Mas a proposta rendeu duas horas de boa conversa. E terminado o bate-papo, era a hora de Carolina Palma voltar para sua casa de três "Ws".

A noite chega e @mairarolim é a estrela. Mesmo com o cenário amedrontador (afinal, palestrar no anfiteatro do bloco 18 é algo que assusta), a golfinha tentou não demonstrar nervosismo. É verdade que não parava de "dançar" sobre o palco. Ainda assim, a PR (não a chame de RP) que veio da BOCA (e não chame a BOCA de agência) conquistou a atenção do público. Despojada, alegre e sem medo de mostrar-se como um ser-humano, gaguejou, sorriu e ensinou que o mais importante na comunicação é saber relacionar-se com as pessoas. Os exemplos da Olympikus - como o lançamento da nova camisa do Flamengo, aniversário do clube e o case "Eu já sabia" (sobre as Olimpíadas de 2016) - foram os pontos altos da noite, gerando perguntas e inquietações. E ao final, a sensação de mais um dia vencido, mais uma batalha travada e conhecimento adquirido. O dia foi das mulheres, mas o aprendizado independe do sexo. Elas dividiram um tema, uma mesa de discussão e a programação idealizada pelos acadêmicos. Surpresos pelo sucesso? Pois eu já sabia.

Terça de improvisos e incertezas



Todos esperavam o fracasso. Aliás, tudo indicava que iriam fracassar. O tão esperado Aquiles fora impossibilitado de vir. Atingido no calcanhar, era um visitante descartado. Mas, e agora? Todos no reino já haviam sido convocados para o pronunciamento do grande guerreiro. As golfinhas desesperavam-se, enquanto a Golfinha-mestra pensava em uma solução. Mas foi a Harpia-rainha quem resolveu a questão. Lembrou-se de um habitante, em um reino vizinho, que poderia ajudar. Ele não era um grande guerreiro/comunicador. Tampouco poderia ser chamado de foca ou golfinho. Mas o mago das leis colocou-se à disposição para passar um pouco de seu conhecimento aos habitantes do mundo da comunicação.

A notícia logo espalhou-se pelo mundo da twittolândia. Alguns incrédulos apenas reclamavam. A conversa não tinha apoio de música, vídeo ou slides. Nos primeiros minutos, o mago parecia deslocado. Era perceptível seu nervosismo. Ainda assim, a previsão não se confirmou. Pelo contrário, o visitante agradou o público. Cada fala era razão para uma nova discussão. Cada resposta gerava um novo questionamento, criando um diálogo contínuo. O fracasso virou sucesso.

A conversa continuou sem nenhum outro problema. Ninguém dormiu ou morreu entediado. Na verdade, a discussão estava muito efervescente. Até a Harpia-rainha manifestou sua posição e colaborou com a conversa. A arena de batalha fora transformada em uma área de transmissão conhecimento. Mas o tempo chegava ao fim. Os portais do mundo da twittolândia se fechavam enquanto o mago das leis pronunciava suas últimas palavras. Os guerreiros/comunicadores revoltavam-se pela falta de tempo para realizarem suas perguntas. A rainha agradecia ao mago pela sua colaboração, enquanto ele corria para voltar ao seu mundo antes do toque de recolher. E as golfinhas, felizes e sorridentes, apenas pensavam que, afinal, a noite não estava tão ruim assim.

Verdades e temores em uma noite de segunda-feira


Para você que teve preguiça de ir até o site da Seacom (mesmo vendo o link) e perdeu as crônicas sobre as palestras da XV Seacom, aqui vão elas. E amanhã, a crônica inédita sobre a palestra de quinta (crônica que ainda não consegui terminar pela falta de tempo e, principalmente, de horas dormidas - mas isso explico outra hora). Por enquanto, curtam os 3 textos já publicados ou releiam as velharias desse blog

A comida era liberada. O grande problema era a água com gás, distribuída acintosamente pelos garçons. Sim, odeio água com gás. Mas enquanto o povo comia, bebia e aplaudia os premiados no Intercom e no SET Universitário, anunciados pela voz marcante do MC oficial da comunicação, "ele" já estava por lá. Estava quieto, é verdade. Uma presença discreta que precedia os grandes momentos da noite. Mas esses momentos ainda teriam que esperar, pois a galera continuava comendo. Como reunir jornalistas, RPs, publicitários e produtores de mídia audiovisual em uma boca livre e exigir pressa na hora da refeição?

O mestre raposão (aquele mesmo, que tudo sabe, tudo vê) encaminhou a turma de comunicadores famintos até a arena de batalha. Corpo satisfeito, era hora de alimentar a massa cinzenta. "Ele" subiu ao palco, depois de alguns longos minutos de anúncios, pronunciamentos oficiais (mestre raposão e microfone: uma combinação perigosa) e muitos aplausos. Agora o momento era "dele". A postura lembrava a de um general. Mas o discurso contradizia a imagem inicial. Falando sobre comunicação em redes, lembrava que sobreviver nesse mundo perigoso e misterioso da internet é um desafio diário. A terra dos pássaros azuis e da baleia voadora também foi assunto recorrente.

A arena tinha um bom público. Não estava lotada, é verdade, mas era um número considerável de guerreiros da comunicação. As golfinhas vagavam de um lado para o outro, tentando deixar tudo perfeito. A Harpia Rainha, esposa do mestre raposão, também acompanhava o evento de seu trono real. Mas o silêncio ainda imperava no ar. Será que, em um grupo tão grande de guerreiros/comunicadores, ninguém tinha uma pergunta a fazer a "ele"? Novos fatos eram apresentados pelo convidado, novas pesquisas, novas visões sobre os mundos - o nosso e o da internet. Visões que nem sempre agradaram a todos os soldados e comandantes presentes. Mas, ainda assim, visões concretas de um mundo sólido que, a todo instante, desmancha-se no ar e vira bit.

Vídeos, flashs, risadas e momentos de tensão acompanhavam cada grande momento da fala do convidado. E ainda assim, o silêncio tomava conta. "Perguntas, por favor!", suplicavam mentalmente os organizadores. Anotei algumas curiosidades trazidas pelo visitante e resolvi arriscar um questionamento. Talvez uma pergunta fosse o suficiente para iniciar o tão esperado "diálogo", até então, sintetizado em um monólogo. Uma chuva de indagações sucedeu a tensão inicial. Uma única pergunta foi o suficiente para desencadear mais uma hora de discussão. Ao fim da conversa, "ele" estava cercado. Não por inimigos, mas por curiosos, comunicadores ainda famintos pelo saber.

Após as últimas fotos, os últimos agradecimentos, os últimos flashs, "ele" foi liberado para descer em direção à COHAB4, um complexo habitacional que abriga e alimenta os guerreiros mais humildes diariamente. Um local em que a alegria toma conta e os quilos multiplicam-se rapidamente. Na COHAB4, esperou pelo carro. Paparicado por focas e golfinhas, sorriu e esvaiu-se no ar. E seu nome não precisou ser lembrado. E suas palavras, certamente, não serão esquecidas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Algumas explicações

Galera, desculpem não ter atualizado o blog ainda esse mês. Mas tenho duas boas razões (ou desculpas não tão boas assim, como queiram) para isso. A primeira é que comecei meu estágio no Hospital Santa Cruz, na Assessoria de Comunicação, e até pegar o ritmo, fico bastante atucanado. A segunda é que estamos na Semana Acadêmica do Curso de Comunicação da Unisc - Seacom, e faço parte da equipe de cobertura do evento pela Agência A4. Meu papel, além de ser mestre de cerimônia em algumas palestras, é escrever crônicas sobre as noites do evento. Assim, já estão duas crônicas no site da Seacom. Para conferir os novos textos, entrem na sessão crônicas. Espero que gostem. Após essa correria da Seacom, prometo voltar com novos textos. Até lá, grande abraço.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quando política era mitologia

Todos os problemas da sociedade moderna começaram com os Deuses da mitologia grega. Não estou exagerando, é sério. A compra de votos, por exemplo, nada mais é do que uma prática milenar inventada por três das mais lindas Deusas. Tudo começou quando a Deusa da Discórdia deixou de ser convidada para um casamento. Invejosa, resolveu ir escondida à cerimônia e plantou um pequeno "mimo" (um pomo de ouro) com os dizeres "à mais bela". Na festa estavam as três grandes beldades do Monte Olimpo, Hera, Atena e Afrodite, e todas queriam o agrado para si. Foram até Zeus para que ele decidisse quem era a merecedora do prêmio de "a mais bela dentre as Deusas". Mas ele, como não é bobo nem nada, não quis ser o jurado. Desceu à Terra e escolheu um pastor para julgar quem ficaria com o prêmio.

O pastor era ninguém menos que Páris, príncipe de Tróia, irmão de Heitor e filho do rei Príamo. Ele vivia como pastor porque, logo após nascer, seu pai consultara um oráculo que anunciou a queda de Tróia caso o menino vivesse. A mãe do pequeno príncipe exitou em matá-lo e o entregou a uma família de camponeses. Assim, Páris cresceu como um pastor e via-se, nesse momento, diante de quatro divindades. Zeus deixou a decisão nas mãos do pobre príncipe/pastor. O voto deveria ser sem pressão alguma, e as candidatas não poderiam falar com o jurado. Mas afinal, quem dá atenção às regras? A primeira a desobedecer foi a própria rainha do Monte Olimpo. Hera ofereceu toda a riqueza e poder que um mortal pode querer. Depois, Atena veio fazer sua proposta. Ela prometeu dar ao rapaz todo o poder de batalha e sabedoria jamais vista. Por fim, a encantadora Afrodite ofereceu o coração da mulher mais linda da Terra. A criatura mais doce e angelical que já vagou entre os humanos. Ao fim do dia, Zeus retornou. A vencedora era Afrodite.

Páris comprou briga com duas das criaturas mais poderosas da mitologia. Mas o prêmio parecia valer a pena. O coração prometido por Afrodite era da bela Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Alguns anos se passaram desde a decisão de Páris e a promessa da Deusa do amor. Ele, que antes era um pastor, agora já era reconhecido e abençoado por seu pai como príncipe de Tróia. E como príncipe, fora designado a uma viagem diplomática à Esparta, na companhia de seu irmão. Ao chegar, viu a bela Helena e apaixonou-se imediatamente. Ambos fugiram rumo a Tróia, enfurecendo Menelau. Com o apoio de Agamenon e Nestor, mais de mil navios foram enviados para recuperar Helena e a honra do rei espartano.

Helena foi recebida como uma verdadeira princesa troiana e protegida como tal. Os gregos tentaram de todas as formas invadir a cidade usando a força, mas falharam. A chave para vencer a guerra era usar o cérebro. Heitor foi o principal soldado troiano, mas pereceu nas mãos de Aquiles, a grande arma dos gregos. A guerra durou semanas, matou milhares de guerreiros e eternizou heróis. Helena de Tróia é vista como a principal culpada pelas sangrentas batalhas, mas poucos lembram que tudo ocorreu porque, certa vez, um humilde camponês aceitou vender seu voto.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"Momento Mistério" é premiado no 23º Set Universitário

Hoje o post não é uma crônica nem uma reclamação. Sim, milagres acontecem. Simplesmente preciso escrever para expressar o quanto estou feliz. Não feliz apenas por mim, mas por fazer parte de um curso de alto nível e competência, por ter colegas realmente bons naquilo que fazem. Minha alegria se deve ao fato de termos vencido em 7 categorias no SET Universitário da PUC. E mais ainda, por ter participado indiretamente de uma delas (Uma crônica no Unicom Hábitos), e ter vencido na categoria "Programa de Rádio - Radiojornalismo", com o programa "Momento Mistério".

Preciso, antes de mais nada, fazer alguns agradecimentos. Agradecer ao Júlio Graef, que sempre dá uma luz quando estamos perdidos na produção de um áudio. Agradecer à Laura, que indiretamente me ajudou a encontrar minha pauta. Agradecer a todos que toparam me dar entrevista, com a certeza de que trataria o assunto de forma séria. E agradecer ao professor Demétrio, que me orientou no trabalho, me fez refazê-lo (por mais trabalhoso que pudesse ser), e agora, me prova que o resultado final vale todo o esforço. Um grande abraço a todos e meus sinceros agradecimentos (e caso tenha esquecido alguém, me perdoem, a memória é fraca).

Sei que toda essa conversa pode parecer besteira para alguns. Mas pra mim não é. É um orgulho muito grande estar junto com tanta gente competente e ganhar um prêmio que briguei pra conseguir. Abaixo segue o programa, espero que gostem, de verdade. E o que mais posso dizer? Tô feliz, porra! Não paro de rir sozinho. É alegria demais pra se conter.

Momento Mistério
Bloco 1


Bloco 2

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Harpia twitteira e o mundo dos pássaros azuis (o que você não viu na palestra de Bárbara Nickel)

Foi numa terça-feira que a bondosa Harpia twitteira pousou na Unisc. Ela, que vive no lugar em que o relógio marca sempre a mesma hora, viu o tempo esvair-se durante a curta manhã chuvosa, na província de "Lá onde Santa Cruz perdeu as botas". No início parecia solitária. Não conhecia o território em que havia pousado, tampouco seus inusitados habitantes. Mas logo encontrou conhecidos. O mestre-raposão foi recepcioná-la e ensinar-lhe as regras de sobrevivência naquela terra sem lei. As golfinhas também estavam por perto, para dar assistência caso a visitante precisasse. Outros seres amigáveis transitavam por ali. Um grupo de focas (velhos conhecidos da twittolândia) aguardava ansiosamente por seus ensinamentos.

Os bravos guerreiros, que já saudaram outra Harpia, no início do ano e enfrentaram o terrível Krukru há poucas semanas, tinham agora a incumbência de aprender tudo quanto possível sobre o mundo misterioso da internet (um mundo em que baleias voam, gangs coloridas se formam e informações atravessam o oceano em segundos). Não era uma tarefa fácil. Mas a Harpia twitteira fez o melhor possível para ensinar as melhores rotas a se navegar no mundo virtual aos focas, golfinhas, raposas ou qualquer outro ser presente nesse mundo místico.

Enquanto repassava seus conhecimentos, sob o olhar atento e curioso dos aventureiros, a Harpia twitteira via quatro focas transmitindo sua mensagem ao mundo da twittolândia. Foram duas horas de palavras ao vento, disseminando conhecimento pela província. Dois seres desavisados, pouco conhecedores dos perigos do mundo virtual, caíram em um sono profundo, uma pequena armadilha da rede. Ainda assim, o povo celebrou os ensinamentos da guerreira e lamentou sua partida. Ela novamente alçou voo rumo ao mundo em que reinam os pássaros azuis e onde o tempo não passa.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Papo de buteco - parte 1

Paulinho era daqueles garçons de bar de esquina. Aqueles com pano de prato no ombro, bloquinho de anotações engordurado e palito entre os dentes. Cada cliente que entrava ali já era um velho conhecido, mesmo que Paulinho nunca o tenha visto por aquelas bandas. Era o tipo carismático e risonho. Era comum ouvir dos clientes um tradicional "Paulinho! O de sempre, por favor.", seguido por uma piscadela malandra, aquela típica de freguês antigo. Na esquina da frente ficava uma redação de jornal, um prédio velho, mal pintado e com uma velha placa na frente, que lembrava os tempos áureos do periódico, que já não andava muito bem das pernas.

Cada fim de expediente do jornal significava junção de jornalistas no buteco. Era o momento do dia em que o editor parecia humano e aquele foca que quase estragou a matéria de capa deixava de ser um filho da puta. A nova estagiária não ia, infelizmente. Segundo fontes seguras (o faxineiro da garagem), ela foi vista saindo no carro do diretor do jornal. A galera do departamento comercial também comparecia, mas sentavam em mesas separadas. Eles tinham um certo receio em misturar-se aos jornalistas, coisas da profissão. Mesmo assim, o grupo da redação ocupava quatro mesas, umas 20 cadeiras e dobravam o trabalho dos atendentes. Mas o Paulinho era o único com quem os jornalistas realmente gostavam de conversar.

- Diz aí Paulinho, quem ganha o clássico hoje de noite?
- Ah, coringão vai fazer dois e dar um banho de bola.

Normalmente o garçom errava em seus palpites, mas sempre conversava com a turma da editoria de esportes como se fosse um grande entendedor do assunto. Além disso, apenas o Paulinho sabia qual a combinação de fritura com álcool mais agradava cada um deles. A galera da Geral aproveitava para ouvir as queixas do atendente, que sempre dava boas sugestões de pauta sobre ruas mal iluminadas e esburacadas. Os loucos da política e da economia, após discutirem sobre ideologias partidárias e sobre o futuro do país, perguntavam ao garçom sua opinião sobre as eleições.

- Já tem candidato Paulinho?
- Olha, ainda tô pensando. Mas acho que vou mesmo é votar em branco. Pelo menos, pelo meu voto é que esses ladrão não vão se eleger.

Sim, Paulinho é um crítico da sociedade e do sistema político brasileiro. E mais do que isso, é o principal pauteiro do jornal da outra esquina, mesmo sem saber ao certo pra quê serve um pauteiro. Após duas horas de bate-papo, os jornalistas começavam a debandar. Pautas anotadas, muita cerveja e gordura trans no organismo e sorrisos nos rostos. Pagavam as contas e iam embora. O bar ficava vazio, sem brilho ou vida. E o Paulinho, ainda com o palito entre os dentes apenas pensava com seus botões: "esse bando de jornalistas nunca me deu um centavo de gorjeta".

sábado, 18 de setembro de 2010

Minha rede é anti-social

Hoje de tarde twittei algo sobre política, por causa de candidatos que, em período eleitoral, resolvem adicionar todo o mundo em suas redes sociais. Mas penso que o assunto merece ser tratado de forma mais ampla, por isso resolvi escrever sobre isso aqui no blog. É um tal de "adiciona aqui", "adiciona ali" que não para mais. Orkut e Facebook são as principais fontes dessa prática. Mas o Twitter também tem perfis de políticos em crescimento absurdo, com a vantagem de que, mesmo que eles nos sigam, temos a opção de não segui-los. Mas o que realmente me irrita nessa prática não é o simples ato de adicionar, de poluir a interface da rede social com propaganda política. O que realmente frustra nessa história é que a maioria desses políticos não sabe usar o Orkut (ou o Facebook, ou o Twitter, ou seja qual rede for) para expressar suas propostas. Adicionam para simplesmente mostrarem seus rostos e emitirem frases constantes de "vote em fulano de tal, por um Brasil melhor", "contra burguês...", "você me conhece...", "luto pela renovação, por um país mais justo e sem corrupção".

Vamos falar sério, alguém com cérebro vai votar em um candidato apenas porque ele (ou ela) o adicionou no Orkut e fica falando coisas desse tipo? Não consigo aceitar que alguém que vai administrar nosso país não consiga, ao menos, qualificar sua rede social com propostas de verdade, com conteúdo, com algo que realmente interesse ao povo. O povo não quer receber spam de político, não quer carregar um quilo de papel por dia em panfletos, não quer ligar a TV para ouvir um candidato acusando o outro. O que o eleitor precisa conhecer, de fato, são as propostas, a ideologia, aquilo que cada candidato pensa ser o melhor para o país. Qualquer coisa além disso é informação inútil, desperdício do tempo do candidato e, principalmente, do povo.

Falar sobre política é sempre difícil, porque as opiniões são muito divergentes. Mas tomei uma decisão de 2008 (quando votei pela primeira vez) pra cá: não voto em candidato que me entregar santinho. Simplesmente porque considero um desrespeito com o meio ambiente e com o povo. Não voto em candidato que adiciona todo o mundo no Orkut e no Facebook e que segue no Twitter em época de eleição na expectativa de conquistar a simpatia. Não elejo alguém que desperdiça seu tempo de campanha criticando os adversários. E principalmente, nunca, jamais, em tempo algum, nem mesmo em meus sonhos mais loucos (parafraseando o professor Paulo Pinheiro), voto em quem faz boca de urna. Isso não é apenas uma questão moral, uma questão de desrespeito com quem vota, mas é um crime. Quem pratica boca de urna deve ser preso e seu candidato deve ser cassado. Meu pensamento é radical demais em alguns aspectos, eu sei, mas do jeito que a política no país anda, a única alternativa para modificar é um tratamento de choque.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quando não se tem o que falar

Esse é um post inútil. Ele é inspirado naqueles clássicos capítulos inúteis das obras machadianas. A verdade é que preciso escrever, e só. Não tenho um tema específico na cabeça, nem quero expor nenhuma frustração. Apenas quero escrever pela necessidade de escrever. Parece besteira, mas esse foi um comentário feito pelo escritor Daniel Galera durante a Feira do Livro, aqui em Santa Cruz do Sul. É essa necessidade de escrever que dá vida à literatura. É simplesmente uma ânsia, uma angustia que toma o peito e que cria essa vontade de se comunicar, de falar algo a alguém, mesmo sem nada para falar.

Junto com isso, vem a responsabilidade de escrever de forma criativa, de ser sempre atraente, de prender o leitor no texto. É uma tarefa desgastante e eterna. Sempre que penso nisso, me imagino daqui a alguns anos, em algum periódico de grande porte (se tudo der certo), como cronista, colunista ou seja lá o que for. Penso na pressão de escrever diariamente para 100, 200, 300 mil pessoas. Penso no quanto é difícil fazer algo diferente a cada dia e encarar o fato de que, às vezes (assim como agora), não se tem sobre o que falar, apenas uma necessidade de escrever.

O mais triste de tudo é lembrar que não é a primeira vez que escrevo sem ter nada para dizer. Os lapsos de criatividade estão mais frequentes, e nem posso culpar a idade por isso. E, falando de novo sobre "ser criativo", é um porre ter que finalizar o texto sempre de forma original, genial e atraente. Deve existir algum elixir sagrado que os grandes cronistas brasileiros bebem para ganhar inspiração. Um dia eu descubro o nome do bar onde vendem esse elixir. Daí, mando servir uma rodada de criatividade por minha conta. Ou melhor, anota na conta no jornal, por favor.

domingo, 12 de setembro de 2010

Imprensa e censura em tempos de colônia

A vida no Brasil não era nada fácil. Nas poucas cidades, gente estranha circulando. A escravidão ainda era uma prática comum e significava status. Os índios eram vistos como animais a serem domesticados e a situação do fraco comércio, bem, era fraca mesmo. O ano era 1808, e viver na colônia não era nada empolgante. Mas toda a chatice e monotonia da vida no país estava prestes a acabar.

A família real chegava ao Brasil. Sim, ao Brasil, a colônia devastada e empobrecida, de onde Portugal tirava uma boa parte de suas riquezas. Um país (que ainda não podia ser chamado de país) esquecido pelos colonizadores, mas reconhecido como o único lugar seguro para onde a família real poderia fugir do pequeno Bonaparte, um governante com complexo de inferioridade que tentava compensar sua falta de estatura conquistando outros países.

E é nesse contexto político que surgiu a imprensa no Brasil. Tá, não foi tão simples assim. Naquela época, não bastava apenas ter a ideia e colocá-la em prática. Ela devia passar pela aprovação do império. Foi quando um gaúcho chamado Hipólito José da Costa teve uma ideia. Ele queria fazer um periódico para falar sobre a vida na sociedade, informar aos pouquíssimos cidadãos alfabetizados aquilo que acontecia na colônia e em Portugal. Mas o império sabia que o Hipólito era meio rebelde. O cara não acatava tudo o que o governo dizia. Ao contrário, era questionador, meio encrenqueiro, quase um fanfarrão.

Pois o governo barrou as ideias dele E não só isso: instituiu que nenhum veículo de comunicação poderia ser criado no país, a não ser que pertencesse ao próprio governo. O Hipólito não se conformou. Esbravejou, xingou as mães de metade do império. Mas a decisão estava tomada. Então, como era um inconformado por natureza, gaúcho puro-sangue, resolveu que não queria mais saber do Brasil. Foi pra Inglaterra, terra civilizada, povo educado, primeiro mundo. Mas não passava de uma tática para enganar o governo. Ele não queria apenas morar em outro país. Tudo o que precisava era de um lugar em que pudesse escrever sobre o Brasil, imprimir seus textos e enviá-los ao país.

Assim nasceu, em 1º de junho de 1808, o Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro. O folhetim tinha o tamanho de um livro, falava sobre temas diversos como cultura, política, economia, trazia críticas e notícias. Demorava algumas semanas (cerca de dois ou três meses) para chegar ao Brasil, afinal, o Sedex ainda não havia sido inventado. O único inconveniente da publicação é que ela não era autorizada. É lógico que o primeiro jornal brasileiro só podia ser pirata. Além disso, pouca gente lia, porque pouca gente sabia ler.

Mas se o governo já via o Hipólito José com maus olhos antes da criação do Correio, imagina só o clima quando souberam da existência do jornal. Para não ficar pra trás, o governo resolveu agir imediatamente. Reuniu uma equipe competente (ou quase isso) e criou um outro jornal, esse dentro da legalidade, com apoio do governo, com puxa-saquismo e tudo o mais que se tem direito. Nasceu então, no dia 10 de setembro de 1808, a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro folhetim oficial do Brasil. As notícias eram chatas, notas sobre eventos da alta sociedade, textos exaltando o império, esses jogos de interesse que vemos até hoje em determinados periódicos. Mas, ao menos, percebia-se o primeiro interesse real do governo por algo que trazia informação à população.

É por isso que 10 de setembro é considerado o dia da imprensa, embora muitos (muitos mesmo) autores discordem da data. O Hipólito José continuou publicando o Correio por um longo tempo (até 1823), mesmo correndo o risco da censura e sabendo que teria concorrência. Alguns especuladores diziam que toda essa história de discórdia entre o gaúcho e o império não passava de joguinho de cena. Que, na verdade, eles tinham um acordo, e que só por isso os impressos de Hipólito José da Costa passavam pelas fronteiras brasileiras. Infelizmente, ele não viveu tempo suficiente para contar sua versão da história.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Cartão

Cartão_Pronto

Esse foi o presente que o pessoal da Agência A4 deu para o professor Paulo Pinheiro, em comemoração ao seu aniversário.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um pouco sobre seriados

Eu sou apaixonado por seriados. É provável que isso não seja uma novidade, afinal, sempre falo sobre essa paixão, e hoje em dia, todos que têm acesso à internet ou TV a cabo, têm uma lista de seriados que assistem religiosamente. Eu também tenho essa lista, e um HD cheio de temporadas por assistir de vários seriados diferentes. Mas o foco do post de hoje não é falar sobre nenhuma dessas séries pelas quais sou apaixonado.

Há alguns meses vi a Rede Globo anunciando uma série com uma proposta um pouco diferente daquelas que sempre lançava. A Globo é famosa pelas minisséries que lança (A muralha, A Casa das sete mulheres, Os maias, Amazônia), principalmente com enfoque histórico. Mas a proposta de "Na Forma da Lei" e de "A Cura", me transmite uma imagem um pouco diferente. Seu conteúdo e formato assemelham-se à seriados, muito mais do que à minisséries.

Meu palpite é de que a Globo percebeu o potencial que estava sendo desperdiçado em seu elenco. Além disso, já faz algum tempo que as duas principais rivais da Globo (Record e SBT) perceberam o potencial dos seriados norte-americanos para aumentar sua audiência. O SBT já investiu em versões traduzidas de "Supernatural" e "Cold Case", dois seriados de sucesso nos canais de TV a cabo. Supernatural está no início de sua 6ª temporada de gravações. Cold Case já finaliza sua 7ª temporada. Já a Record investiu nos seriados "House" (considerado por alguns como o melhor seriado médico já lançado) e "CSI", sucesso absoluto dentre as séries investigativas.

Minha teoria não possui nenhuma base. É apenas a opinião de um viciado em seriados que vê uma mudança de foco na Rede Globo. Meu palpite é de que a Globo passará a investir em seriados nacionais, com enredos inspirados nos já famosos seriados norte-americanos. Uma tentativa de atrair um público cada vez mais jovem. Uma tentativa de recuperar o público perdido para as TVs a cabo e para a internet (principalmente aqueles que gostam de baixar seriados). A expectativa é de que o façam com qualidade. Se vão recuperar audiência, não faço ideia. Mas, ao menos, teremos mais uma opção gratuita de programação com qualidade.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Todo dia é dia de sexo

Quando me falaram esta noite (após a meia noite, logicamente), no msn, que hoje é dia do sexo, eu tive que dar risada. Tinha acabado de publicar uma crônica aqui no blog quando a amiga Manoela Carvalho pediu: "faz um post sobre o dia do sexo." E aqui estou eu para escrever sobre o tema. Já escrevi, há algumas semanas, algo sobre datas sem sentido. E esse post segue a mesma linha. A verdade é que não vejo razão em criar uma data desse tipo.

Dia do sexo é todo dia, desde que se sinta vontade. Não é preciso criar uma data para se vender mais camisinhas. Dia do sexo pode ser depois do trabalho, ao se chegar em casa, cansado. Pode ser pela manhã, antes de sair. No intervalo do almoço, aquela escapadinha. Pode ser a qualquer hora, em qualquer dia, todos os dias. Criar uma data para isso é desnecessário.

E se você não comemorou o dia do sexo esse ano ainda, se você está empolgado(a) hoje com a expectativa de sair dessa seca braba, é porque as coisas vão mal. Sinto informar que, dia do sexo não é dia de sair da seca. Dia do sexo não é Natal, que você passa esperando um ano inteiro pra receber o presente. Se você, rapaz, tem namorada e não tem "comparecido", tá na hora de criar vergonha na cara. Se você, guria, tem namorado e fica só se fazendo, inventando dores de cabeça e outras desculpas esfarrapadas, hoje é o dia de parar com essa bobajada. Pra quem é solteiro(a), o céu é o limite. Dia do sexo não faz sentido, mas é uma boa oportunidade pra colocarem tudo em dia.

O que vou passar aos meus filhos

Dia desses, conversando com a amiga e colega Vanessa Britto, surgiu o papo sobre "o que passar aos nossos filhos." A Vanessa, espirituosa do jeito que é, disse que seus filhos estarão liberados dos deveres de casa, desde que leiam todos os livros do Harry Potter. Confesso que não consigo pensar em nenhum livro em especial para deixar aos meus filhos. É claro que eles lerão Machado de Assis, de quem sou fã incondicional. Ou melhor, vão dormir ouvindo suas histórias. Se isso não despertar o interesse das crianças, não posso fazer nada, mas ao menos terão o estímulo inicial para despertarem para a leitura.

Mas a herança que meus filhos realmente ganharão de mim é multimídia. São músicas de todos os estilos. Músicas de qualidade. Vão ouvir Charlie Parker, John Coltrane, Miles Davis. Vão ganhar CDs (que provavelmente já estarão em desuso) de grandes nomes do Pop, do Rock, do Samba. Vão conhecer ritmos latinos e música erudita, ainda crianças. E se ainda assim quiserem ouvir Funk ou bandas coloridas, não os proibirei, pois pelo menos terei tentado despertar o gosto pelo que é belo.

Quero guardar DVDs de The Big Bang Theory e de Two and a Half Man para que eles entendam o que é um seriado de humor. Quero que assistam House, Lie to Me e Lost, para entenderem como seriados tão diferentes podem ser igualmente geniais. É provável que seriados melhores surjam até lá. Mas, ainda assim, quero que vejam aquilo que eu julguei genial muito antes de pensar em ter filhos. E mesmo que eles discordem de mim e prefiram algo bem diferente, ainda assim vou ter a certeza de que, ao menos, tentei transmitir a eles aquilo que eu assisti de melhor.

Sobretudo, não espero que eles se apaixonem pelo jornalismo, por animação, por jogos idiotas, por música instrumental. Não espero que eles gostem de fotografar, editar áudio e vídeo. É claro que ficaria bem feliz se eles tivessem interesse por alguma dessas coisas. Mas não é isso que importa. Só espero que eles aprendam a julgar por si mesmos o que tem ou não qualidade, o que é bom ou ruim. Se vão seguir os passos do pai e encarar o louco mundo do jornalismo, isso é papo para outra crônica. Daqui uns vinte anos a gente conversa.

sábado, 4 de setembro de 2010

Os luxos da terceira idade

Todos os idosos merecem alguns luxos. Depois de tantos anos aguentando as chatices da vida, nada mais justo do que um idoso ganhar o direito de ser mal-humorado. Ele merece o poder de colocar a culpa de tudo nos outros, afinal, ele passou tempo demais levando a culpa só para si. Merece contar a mesma história inúmeras vezes, com o mesmo entusiasmo da primeira vez. Ganha o direito de se emocionar facilmente, chorar com um simples "parabéns" no seu aniversário. Sim, ser idoso confere merecidos direitos àqueles que passaram por tantas coisas para nos dar uma vida melhor.

Isso tudo (dentre muitas outras coisas) deveria estar estampado no Estatuto do Idoso. Talvez, evitasse reclamações de filhos e netos que não compreendem essa necessidade da terceira idade. Essa juventude que gosta de dizer apenas que seus pais e/ou avós estão "caducando". Não entendem a beleza da melhor idade. Para muitos desses jovens, o mais fácil mesmo é jogar seus "velhos" em asilos (ou casas geriátricas, se quisermos ser politicamente corretos). A justificativa é sempre a mesma: "é para o seu bem. Lá, vão cuidar de você e te dar a atenção que você merece." E com um aperto no peito, com o sentimento de rejeição ardendo, os senhores e senhoras que educaram e deram de tudo aos seus filhos, partem. Sentem-se um estorvo. Pensam que estão atrapalhando sua prole. Perdem o único direito que realmente tem valor: o de estar perto de sua família.

Não sei quem formulou o Estatuto do Idoso, mas ele deixou pontos importantes de fora. Se eu pudesse, acrescentaria alguns tópicos. Um deles é que todo o idoso tem o dever de se divertir. Sim, dever. Ele deveria ir a centros com atividades esportivas, festas, viagens, tudo pago pelo governo. Ele deveria receber o direito básico de sentir-se jovem em espírito. Sexo não deveria ser um tabu, e a conscientização para exames regulares deveria ser melhor difundida.

Não escrevo esse texto pensando em um idoso em especial. Na verdade, minha inspiração veio do convívio com meus avós, mas é genérico. A única defesa que faço é ao direito deles ficarem mal-humorados, contarem suas histórias repetidas vezes, rirem, chorarem, ou simplesmente estarem próximos à sua família. Faço isso em respeito aos meus avós, na esperança de que, algum dia, meus netos façam isso por mim.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Um olhar sobre a realidade

Toda vez que saio à rua, procuro por algo diferente. Deve ser o vício da universidade, aquela velha história sobre o "olhar jornalístico" e a busca pelo inusitado. Mas nos últimos tempos, essa busca deixou de ser por pautas. Tudo o que vejo de estranho me inspira uma crônica. E foi em uma dessas observações que presenciei o seguinte fato.

Era início de tarde. Indo para a Unisc, passei por uma obra, que já faz parte da minha rotina. Uma obra que, normalmente, não me chama a atenção. Mas nesse dia, passei pela construção e resolvi observar aqueles que ali trabalhavam. Foi quando um senhor despertou meu interesse. De pé, ao lado da obra, aparentava já ter passado da faixa dos 70. De óculos, calça e camisa sujas, ficou por alguns segundos parado, observando os demais trabalhadores.

Por instantes, pensei que fosse apenas outro curioso, assim como eu, que estivesse a observar aqueles que ali trabalhavam. Quando o interesse já havia passado e meu rosto se voltava para frente, aquele mesmo senhor abaixou-se para pegar uma pá e se pôs a encher um carrinho de mão com brita. Aquele idoso, com aparência frágil, roupa suja, olhos cansados, estava carregando peso, enchendo um carrinho de mão, trabalhando duro naquela construção. E hoje, enquanto vinha novamente para a Unisc, vi outra vez aquele senhor. Camisa xadrez, aquele mesmo óculos e um boné para proteger a cabeça da leve brisa que caia. O observei por alguns segundos, carregando outra carga de brita para dentro do prédio em construção.

Não sei por quê, mas aqueles breves segundos me marcaram. Talvez, ver aquele senhor ali, trabalhando, tenha me lembrado meu avô, que ainda trabalha. Fico pensando, será que daqui uns dez anos, quando meu avô também tiver na casa dos 70, ele vai estar naquela situação, trabalhando, levantando peso? E meus pais? Será que meu pai estará trabalhando aos 70, ou minha mãe? Não consigo aceitar que a terceira idade perca aquela aura, aquela magia que eu via na infância, quando pensava que meus bisavós eram as pessoas mais felizes do mundo, pois finalmente podiam aproveitar a vida, sem preocupações com trabalho, cuidar de crianças, dinheiro. É frustrante pensar que, talvez, meus pais não tenham esses anos de descanso. Que eles trabalharão até o fim da vida. Que eu não poderei proporcionar o conforto que merecem. Pode ser uma preocupação boba e sem sentido, eu sei. Mas aquele breve instante me fez pensar.

Jovem Foca