terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Orelhas também podem ser polêmicas

Há cerca de nove ou 10 anos tornou-se moda entre os meninos pré-adolescentes o uso de brincos. Ao menos em Santa Catarina, estado no qual residia na época. Eu, então com 11 ou 12 anos, um garotinho gorducho e medroso, fiquei com medo de aderir à moda. De qualquer forma, a coisa evoluiu. De pequenas e discretas pedras a garotada partiu para o uso de argolas - cada dia mais ousadas.

Com o tempo, o ornamento, antes pendurado, começou a profanar as leis de Newton e dividir o mesmo lugar no espaço que a carne de muitas dessas orelhas. São os chamados alargadores, adornos capazes de comprovar o quão fantástica é a capacidade do tecido humano de expandir-se e adaptar-se às mais excêntricas invencões.

Mas quando minha vã filosofia ousou sugerir que não havia nada mais de bizarro a ser inventado para ocupar o lugar de um brinco, eis que vejo uma adaptação: um parafuso atravessado na orelha. Sim, um parafuso! Confesso que foi a primeira vez que vi a surreal adaptação, algo que minha imaginação limitada jamais havia me deixado prever. Só fico pensando: imagina se essa moda pega.

Daqui a pouco teremos lojas de bijuterias com prateleiras inteiras dedicadas a materiais de construção. Imaginem a namorada comprando um pacote de parafusos de presente ao namorado moderninho. Ou o rapaz presenteando a noiva com um lindo conjunto de pregos (de três tamanhos diferentes, porque ela tem três furos em cada orelha). Não seria esse o ponto máximo a que se pode elevar o termo "reciclagem"?

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