sábado, 21 de novembro de 2009

Da inutilidade do Enade à ineficiência do Enem

Quem não viu as propagandas que circulavam pelas redes de televisão falando sobre as mudanças do Enem (antes, é claro, do escândalo sobre o vazamento das provas)? Para quem não lembra, a propaganda dizia: "Agora o Enem não é mais decoreba". Juro que todos os dias me perguntava - Mas algum dia o Enem foi decoreba? A verdade é que, nos anos anteriores, a função do Enem era justamente avaliar os alunos de Ensino Médio naquilo que há de mais importante: sua capacidade de raciocinar e fazer inferências. Entretanto, as mudanças no sistema ocasionaram uma contradição. Como substituir um sistema que deu certo e que realmente era capaz de avaliar o nível de aprendizado do aluno por um sistema falho, que domina as universidades do país? A resposta é simples: fazendo o povo pensar justamente o contrário. Se não fosse a fraude, a prova que teria sido aplicada, nada mais seria do que uma cópia dos vestibulares, algo que testa a capacidade que os alunos têm de decorar conteúdo ao invés de estimulá-los a pensar por conta própria. Falando em sistemas falhos de avaliação, o úlimo Enade foi simplesmente vergonhoso. Além das perguntas mal formuladas e da clara apologia (extremamente mal disfarçada) às "boas ações" do governo, o Enade nada mais é do que o tão criticado Provão, com outro nome. O Provão caiu justamente por ser, de forma comprovada, um sistema inútil de avaliação. E o Enade veio, então, substituindo-o, como forma de salvação e reforma nos métodos tradicionais. Ilusão. Não fui selecionado para a prova, e tenho pena de quem o foi. A ameaça de que, "quem for selecionado e não comparecer não poderá retirar seu diploma quando se formar" levou muitos alunos para as salas de aula neste último dia 8. Mas, e se houvesse uma mobilização? É certo que nem todas as Universidades do país apoiariam, mas é certo também que não sou o único a pensar dessa forma. Tenho certeza que com mobilização, o sistema não seria opressor do modo como o é. Talvez o exemplo não seja válido, mas na França, país de primeiro mundo, a juventude tem voz e vez. É que lá, o governo sabe que, caso as necessidades e os desejos do povo não sejam atendidos, a população não tem medo nem vergonha de sair à rua para lutar por seus direitos. Talvez vergonha seja a palavra chave nesse contexto aqui no Brasil. O que o brasileiro precisa é criar vergonha na cara. Só então o povo vai deixar de ser submisso e criar coragem para controlar seu destino. Mas afinal, quem sou eu para querer acordar esse povo? Só uma voz, gritando por liberdade, no meio dos sussurros alienados da multidão. 

Um comentário:

  1. Seguir o caminho do Vestibular não é a solução para o Enem, mas a prova que existia antes funcionava porque era fácil demais. Na verdade, nenhum sistema de avaliação será bom o suficiente enquanto a educação básica não melhorar, naquelas vezes em que vamos à sala de aula para aprender, e não para sermos testados. Abraço! ;)

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