Quando criança, muitas vezes fiz a pergunta que dá nome a esse texto. É claro que nunca a falei ao meu pai, de fato. Tinha medo de irritá-lo com tal questionamento. Mas confesso que virei colorado apenas por pressão. Na verdade, nasci em uma década de decadência do Internacional. Me intrigava o fato de, meu time do peito, não ganhar um título de relevância durante minha infância. Mas em um 5 de dezembro do ano de 97 ou 98, não lembro ao certo, meu time foi campeão mundial de futsal. Sim, não era um título no campo. Mas era meu inter. O meu colorado havia ganho o mundo. E a data foi marcante pra mim, por ser exatamente no dia de meu aniversário. A partir daquele momento, passei a compreender o que significava ser colorado para mim.
Nunca fui um fanático. Nunca briguei pelo meu time. Mas sinto um orgulho enorme com cada façanha. E sinto uma mágoa gigantesca em cada fracasso. Chorei pelo quase rebaixamento, quando o Inter foi salvo por um cabeceio do Dunga, contra o Palmeiras se não me engano. Senti raiva em 2005, no jogo roubado contra o Corinthians, em que o árbitro, além de não marcar o pênalti (pênalti claro, por sinal) favorável ao Inter, ainda expulsou o Tinga por simulação. Me emocionei na final da Libertadores contra o São Paulo em 2006, principalmente ao ouvir o grande Pedro Ernesto Denardin ("O Internacional rasga a camisa do São Paulo, pisa nela"). E senti o orgulho de ver meu clube ganhar o mundo (dessa vez nos gramados) contra um time considerado infinitamente superior.
Nessa semana que passou, o Inter venceu o São Paulo em mais uma semifinal de Libertadores. Enquanto termino esse post, o Inter empata o Grenal no Beira-Rio, com time misto. Ao fundo da narração do Pedro Ernesto, ouço o canto da torcida "minha camisa vermelha e a cachaça na mão, o gigante me espera para começar a festa". Nada supera essa energia. Nada pode ser mais emocionante do que essa paixão. E não falo isso por ser colorado. Acredito que esse sentimento pertence à todos aqueles apaixonados por seus clubes. Não importa o estádio, o estado ou as cores da bandeira defendida, a beleza do futebol que realmente encanta é aquela fora das quatro linhas. Aquela que dispensa brigas e discussões. A beleza vem do canto da torcida, da paixão pelo esporte. Não importa que o time não seja o melhor, que não ganhe a Libertadores ou mesmo o clássico contra seu maior rival. A paixão supera tudo isso. Essa é a magia do futebol. E um dia, talvez, os fanáticos entendam que amar um clube não é atear fogo em banheiros químicos, promover pancadaria ou discutir. É apenas amar, algo que não exige ação ou explicação.
Adoro teus textos Renan! Apesar de falar de uma paixão diferente da minha em se tratando de Grenal. =)
ResponderExcluirAbraços!