segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O que vou passar aos meus filhos

Dia desses, conversando com a amiga e colega Vanessa Britto, surgiu o papo sobre "o que passar aos nossos filhos." A Vanessa, espirituosa do jeito que é, disse que seus filhos estarão liberados dos deveres de casa, desde que leiam todos os livros do Harry Potter. Confesso que não consigo pensar em nenhum livro em especial para deixar aos meus filhos. É claro que eles lerão Machado de Assis, de quem sou fã incondicional. Ou melhor, vão dormir ouvindo suas histórias. Se isso não despertar o interesse das crianças, não posso fazer nada, mas ao menos terão o estímulo inicial para despertarem para a leitura.

Mas a herança que meus filhos realmente ganharão de mim é multimídia. São músicas de todos os estilos. Músicas de qualidade. Vão ouvir Charlie Parker, John Coltrane, Miles Davis. Vão ganhar CDs (que provavelmente já estarão em desuso) de grandes nomes do Pop, do Rock, do Samba. Vão conhecer ritmos latinos e música erudita, ainda crianças. E se ainda assim quiserem ouvir Funk ou bandas coloridas, não os proibirei, pois pelo menos terei tentado despertar o gosto pelo que é belo.

Quero guardar DVDs de The Big Bang Theory e de Two and a Half Man para que eles entendam o que é um seriado de humor. Quero que assistam House, Lie to Me e Lost, para entenderem como seriados tão diferentes podem ser igualmente geniais. É provável que seriados melhores surjam até lá. Mas, ainda assim, quero que vejam aquilo que eu julguei genial muito antes de pensar em ter filhos. E mesmo que eles discordem de mim e prefiram algo bem diferente, ainda assim vou ter a certeza de que, ao menos, tentei transmitir a eles aquilo que eu assisti de melhor.

Sobretudo, não espero que eles se apaixonem pelo jornalismo, por animação, por jogos idiotas, por música instrumental. Não espero que eles gostem de fotografar, editar áudio e vídeo. É claro que ficaria bem feliz se eles tivessem interesse por alguma dessas coisas. Mas não é isso que importa. Só espero que eles aprendam a julgar por si mesmos o que tem ou não qualidade, o que é bom ou ruim. Se vão seguir os passos do pai e encarar o louco mundo do jornalismo, isso é papo para outra crônica. Daqui uns vinte anos a gente conversa.

4 comentários:

  1. Meus filhos podem ser o que eles quiserem,menos coloridos. Há.
    E claro que vão ter que ler Harry Potter e olhar Friends,óbvio!

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  2. belo texto Renan, o importante é mostrar o caminho e permitir que eles andem com as próprias pernas, a sementinhas estará plantada de qualquer jeito, mas as escolhas são responsabilidade de cada um.

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  3. Meus filhos, com certeza, vão ler Machado de Assis. Se queserem ouvir músicas de bandas coloridas não vou poder fazer nada, vão saber o que exixtia de bom na minha época. Mas, claro, vão poder cuirtu]ir o que virá de bom pra eles.

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  4. Olha, sem querer jogar um balde de água fria, mas fazendo uma consideração com base no que já vivi: esqueçam as expectativas de vocês. Eles têm vontades próprias. Meu filho nasceu numa família de músicos, curte e aprecia coisas boas, ruins e duvidosas. Tem um pé no heavy metal mas, para desespero do pai guitarrista, quer ser paleontólogo quando crescer...hehehe

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Jovem Foca