Lindenberg Alves Fernandes |
Durante o julgamento, Ana Lúcia Assad, advogada de Lindenberg, usou como estratégia de defesa o argumento de que a imprensa e a polícia tiveram papel decisivo no desfecho do caso. A polícia pela demora em agir, por tratar o ex-namorado de Eloá como um Romeu arrependido, e não como um rapaz violento capaz de matar, e também por ter permitido que Nayara, amiga da vítima que estava na casa no momento do sequestro e foi solta durante as negociações, voltasse para o cárcere.
Já a mídia, segundo a advogada, contribuiu para que o caso terminasse em tragédia pela forma como repercutiu o fato, entrevistando o rapaz durante o sequestro, dando a visibilidade que ele desejava em mídia nacional. A forma como os veículos de comunicação agiram, não apenas reportando os fatos, mas também agindo de forma a participar destes, pode ter sido decisiva para que o sequestro se transformasse em homicídio. Ao menos, foi isso que sustentou a advogada.
Mas mesmo com toda a argumentação, Lindenberg foi condenado. A pena é de 98 anos e 10 meses. Considerando o fato de ele ser réu primário, acredito que ficará preso em regime fechado por pouco mais de 39 anos (2/5 da pena). Isto é, se tiver bom comportamento. Sua advogada foi considerada por muitos como a grande vilã do julgamento, e foi hostilizada durante os 4 dias de tribunal. Mas não creio que ela possa ser culpada.
Ana Lúcia Assad ao lado de Lindenberg |
Quem acompanhou o caso em 2008 deve lembrar que, por diversas vezes, Lindenberg esteve na mira da polícia, mas ninguém tinha autorização para atirar. Não sou nenhum especialista em segurança, mas posso especular. A sensação que ficava ao ligar a televisão era de que algo daria errado. A polícia negociava, a imprensa criticava a demora da polícia em agir, o público acompanhava o caso torcendo por um final feliz.
Sabe-se que alguns jornalistas fizeram contato com o rapaz enquanto ele mantinha a ex-namorada em cativeiro. Mas, como saber se esses contatos influenciaram, direta ou indiretamente, a mentalidade perturbada de Lindenberg? Questiono-me qual será o limite para o envolvimento dos jornalistas em um caso como este. Até onde se deve ir em uma pauta? Até onde se PODE ir sem influenciar nos fatos?
Eu, particularmente, não acredito que o caso teria outro desfecho se a postura da imprensa fosse diferente. Mas os anos de estudo me ensinaram que as respostas para essas questões não está na subjetividade. Não é o tipo de coisa que se aprende numa faculdade. É claro que somos preparados para diversas situações durante a academia. Mas ensinamentos desse tipo se ganha, sobretudo, com a vivência nas redações.
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