Para quem não conhece, o Catraca Livre é um projeto jornalístico com foco cultural desenvolvido por estudantes universitários de São Paulo com colaboração do jornalista Gilberto Dimenstein, um dos mais premiados jornalistas brasileiros. Para além do jornalismo tradicional - e foi isso que me chamou a atenção -, o projeto busca formas diferentes de comunicação. E a que destaco neste post é a reportagem em quadrinhos.
Acredito que o jornalismo em quadrinhos é uma das formas mais puras e divertidas de tratar uma informação. É algo que tem o poder de surpreender, de prender o leitor, de informar e esclarecer com um risco menor de ambiguidades do que em qualquer outro formato. Mas, infelizmente, também é um formato pouco valorizado e (pasmem!) com pouca credibilidade por parte do "leitor comum". Isso porque, aqui no Brasil, ainda se cultiva a ideia (errônea) de que desenhos, cartoons, quadrinhos e afins são formas menores de se transmitir uma mensagem.
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Maus - Pulitzer de 1992 |

Outro repórter de quadrinhos renomado é Joe Sacco. Natural da República de Malta, mudou-se ainda jovem para os Estados Unidos, onde formou-se em jornalismo. Resolveu unir à paixão seu talento para o desenho. Nesse sentido, realizou importantes coberturas apurando as informações com o rigor jornalístico, mas trabalhando a reportagem com seu talento para os quadrinhos. Dentre seus principais trabalhos está "Notas sobre Gaza", reportagem sobre os conflitos entre palestinos e israelenses na Faixa de Gaza.

Infelizmente, experiências jornalísticas como Vanguarda e os quadrinhos do Catraca Livre ainda são exceções. Vemos tiras, charges, cartoons, caricaturas, mas temos pouquíssimos jornalistas dedicados a trabalhar reportagem propriamente dita em uma mídia alternativa. Talvez exista ainda um certo receio por parte dos veículos em apostar em ago tão ousado. Ou talvez, não se tenha profissionais disponíveis no mercado. Neste caso, que se criem cursos e especializações. E que experiências como estas não se resumam a trabalhos acadêmicos. A minha esperança é que as mentalidades mudem, que não se veja o jornalismo em quadrinhos como algo trabalhoso e pouco rentável, mas sim como uma solução atrativa para conquistar os leitores mais jovens e surpreender os mais velhos.
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